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ONU apela a fundos para ajuda humanitária após défice de financiamento em 2023

Data de publicação
11 Dezembro 2023
8:46

A ONU pediu hoje à comunidade internacional mais fundos em 2024 para responder às necessidades humanitárias, agravadas pelos “conflitos armados, emergência climática e economias em colapso”, após este ano se ter verificado um avultado défice de financiamento.

No tradicional «panorama humanitário global» que publica anualmente, com uma avaliação anual das necessidades humanitárias a nível mundial e os recursos reclamados para apoiar os mais carenciados, e hoje divulgado, a Organização das Nações Unidas pede 46 mil milhões de dólares (cerca de 42,7 mil milhões de euros), para auxiliar 181 milhões de pessoas em 72 países no próximo ano.

Para 2023, a ONU pedira 56,7 mil milhões de dólares (perto de 52,6 mil milhões de euros), para desenvolver o maior programa humanitário alguma vez lançado e ajudar 245 milhões de pessoas mais vulneráveis em 68 países, mas, até à data, e com o ano civil a chegar ao fim, recebeu apenas 20 mil milhões de dólares (18,5 mil milhões de euros), o que representa o maior défice de financiamento dos últimos anos.

“Agradecemos a todos os doadores pelas suas contribuições, que ascendem a 20 mil milhões de dólares até agora este ano, mas esse montante é apenas um terço do que era necessário. Se não conseguirmos prestar mais ajuda em 2024, as pessoas pagarão com as suas vidas”, declarou hoje o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.

Apontando que “128 milhões de pessoas receberam assistência vital em 2023”, a ONU ressalva, no entanto, que “os défices de financiamento em 2023 significaram que as organizações humanitárias chegaram a menos de dois terços das pessoas que pretendiam ajudar”, pelo que “milhões de pessoas não foram abrangidas”.

“As consequências são trágicas: no Afeganistão, 10 milhões de pessoas perderam o acesso à assistência alimentar entre maio e novembro. Em Myanmar, mais de meio milhão de pessoas ficaram em condições de vida inadequadas. No Iémen, mais de 80% das pessoas que beneficiam de assistência não dispõem de água e saneamento adequados. E na Nigéria, apenas 2% das mulheres que esperavam serviços de saúde sexual e reprodutiva e de prevenção da violência baseada no género os receberam”, ilustra a organização.

A ONU indica que “as organizações de ajuda humanitária abordaram esta lacuna entre necessidades e recursos nos seus planos de resposta para 2024, que terão um enfoque mais disciplinado nas necessidades mais urgentes e visarão menos pessoas”.

Deste modo, numa abordagem mais realista, a ONU identificou cerca de 181 milhões de pessoas mais vulneráveis a necessitarem de ajuda de emergência em 2024, em comparação com 245 milhões no final de 2023, e as organizações humanitárias estão também a apelar a menos dinheiro, cerca de 10 mil milhões de dólares menos do que há um ano, mas esperando que desta feita o montante seja atingido.

Os países para os quais a ONU pede mais fundos são a Síria (4,4 mil milhões de dólares), a Ucrânia (3,1 mil milhões), o Afeganistão (3 mil milhões), a Etiópia (2,9 mil milhões) e o Iémen (2,8 mil milhões).

A ONU aponta que a região do Médio Oriente e do Norte de África necessita de 13,9 mil milhões de dólares, o maior montante para qualquer região em 2024, e que representa 30 por cento do total da ajuda humanitária mundial.

No Médio Oriente e no Norte de África, 53,8 milhões de pessoas necessitam de assistência, com a crise na Síria a provocar 32,5 milhões de pessoas necessitadas, tanto na Síria como nos países vizinhos, assinala o documento hoje publicado, que destaca também a guerra em Gaza entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, que “causou um aumento dramático de mortes de civis”.

“Em cinco semanas, o número de civis mortos nos territórios palestinianos ocupados foi equivalente a quase 60 por cento do número global de civis mortos em 2022, que já foi o ano mais mortífero desde o genocídio do Ruanda em 1994”, alerta a ONU, acrescentando que, atualmente, “quase uma em cada cinco crianças em todo o mundo está a viver em zonas de conflito ou a fugir delas”.

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