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Kiev lamenta a decisão do Níger de cortar relações com a Ucrânia

Data de publicação
08 Agosto 2024
12:07

A Ucrânia lamentou, hoje, o corte de relações diplomáticas com o Níger, que acusou Kiev de envolvimento numa recente derrota do exército maliano e do grupo russo Wagner contra separatistas e terroristas.

“É lamentável que as autoridades nigerinas tenham decidido romper as relações diplomáticas com a Ucrânia sem investigar o incidente no Mali e sem fornecer informações sobre as razões de tal decisão”, lamentou a diplomacia ucraniana num comunicado, citado pela agência France-Presse (AFP).

No mesmo comunicado do ministério ucraniano, e segundo a agência de notícias espanhola EFE, a diplomacia ucraniana afirma, ainda, que “tal decisão é um gesto de solidariedade com aqueles que escolheram o caminho da aproximação com o Estado terrorista, a Federação Russa, que tem estado a travar uma guerra agressiva em grande escala e não provocada contra a Ucrânia há mais de dois anos”.

O Níger anunciou na terça-feira o corte de relações diplomáticas com Kiev, dois dias depois da decisão do Mali, denunciando o “apoio” da Ucrânia a “grupos terroristas”.

Os vizinhos Mali, Níger e Burkina Faso, os três governados por juntas militares, que tomaram o poder em golpes recentes, formaram uma confederação de ajuda mútua denominada Aliança dos Estados do Sahel e estão empenhados em políticas de aproximação à Rússia, anti-ocidentais em geral e, em particular, contra o Governo de Kiev, que tem sido associado desde Niamey a objetivos “subversivos e inaceitáveis”.

Recentemente, tanto o Mali, como o Níger, voltaram-se para a Rússia e para o seu grupo de mercenários Wagner, também utilizado na invasão da Ucrânia.

A crise diplomática entre a Ucrânia e os governos do Mali e do Níger eclodiu depois de dezenas de mercenários wagnerianos, que ajudavam Bamako na luta contra os secessionistas, terem sido mortos numa emboscada pelas forças rebeldes e pelo grupo terrorista Al-Qaida, no norte do país, no mês passado.

A derrota foi a mais pesada sofrida pelo grupo Wagner em África, segundo os analistas.

O Mali referiu-se a uma declaração enigmática do porta-voz dos serviços secretos militares ucranianos, Andrii Yousov, como tendo admitido “o envolvimento da Ucrânia” no ataque.

Segundo noticia a EFE, questionado pela televisão ucraniana sobre uma hipotética participação na operação rebelde de Kiev, que tem efetuado sabotagens contra as forças russas em locais como a Síria e o Sudão, o porta-voz dos serviços secretos militares ucranianos, Andrii Yousov, disse que os secessionistas malianos tinham recebido as informações necessárias, sem especificar quem as tinha fornecido.

Nos últimos anos, a Rússia intensificou os seus esforços diplomáticos em África para competir com o Ocidente em países que têm sido tradicionalmente os seus aliados.

Em 2022, a junta do Mali rompeu a sua aliança de longa data com a França e os seus parceiros europeus para se voltar para Moscovo, militar e politicamente.

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