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Geração Z conquista o mercado de criptomoedas: Como o TikTok, Instagram e YouTube transformam os investimentos em 2025

Data de publicação
10 Novembro 2025
18:00

No mundo dinâmico do blockchain e das criptomoedas as redes sociais estão a transformar radicalmente a visão sobre os investimentos, especialmente entre os jovens. Os investidores tradicionais estão sendo substituídos pelos jovens da geração Z, que hoje têm entre 13 e 28 anos. Cresceram na era digital, rodeados de smartphones e redes sociais, e estão a aprender cada vez mais sobre finanças não através de fontes tradicionais (livros ou seminários bancários), mas através de vídeos rápidos em plataformas como o TikTok, Instagram e YouTube.

Assim nascem novas tendências: desafios virais e aulas curtas tornam as criptomoedas uma alternativa acessível em vez de ações e mercado imobiliário.

Segundo os dados do CFA Institute, 55% das representantes da Geração Z já estão a investir em criptomoedas, e para quase metade deles, as redes sociais são a principal fonte de informação sobre o assunto. YouTube, Instagram e TikTok passaram a ser uma ferramenta de manipulação do mercado. Um vídeo viral é capaz de provocar uma onda de compras de um token e crescimento brusco do seu preço.

Para entender como as redes sociais influenciam a criptoeconomia, falamos com Denys Yakushev — analítico internacional de mercados de blockchain, um especialista em economia comportamental e gestão de risco de ativos virtuais, além de especialista em criptomoedas da geração Z, que conhece o mercado por dentro. Assessora as corretoras de criptomoedas e startups de fintech, investigando como a cultura digital transforma o comportamento de investidores.

Denys, porque é que nomeadamente as plataformas de redes sociais tornaram-se os principais “manuais” de investimento para a geração Z?

— Tudo é simples: o TikTok, Instagram e YouTube são as plataformas onde a Geração Z passa muito tempo e que oferecem os conteúdos que “ficam” na cabeça — lustroso, dinâmico e reconhecível. Os algoritmos das plataformas reforçam o efeito: um vídeo viral pode conseguir milhões de visualizações, provocando uma onda de compras e chegada de novos investidores.

Nos anos de 2024–2025 o TikTok especialmente interferiu no XRP*: desafios virais e comentários de influenciadores levaram o preço de 0.50 a $2.82 para o dia de hoje, tornando o token muito popular entre os jovens, que olha para o mesmo como uma alternativa barata do Bitcoin caro.

Observação do editor:

XRP é uma criptomoeda, criada pela empresa Ripple em 2012 para acelerar e reduzir o custo de pagamentos internacionais, muitas vezes chamada “criptomoeda dos bancos” devido à sua integração com entidades financeiras.

— Ou seja, para Geração Z as criptomoedas são uma ferramenta e não um jogo?

Correto. Para a Geração Z as criptomoedas não são uma forma de enriquecimento de um dia para o outro, mas sim uma alternativa a um sistema que parece ultrapassado. Os bancos estão associados à burocracia, enquanto o investimento tradicional à inacessibilidade. O ponto de entrada de criptomoedas é baixo, tudo pode ser feito a partir do telemóvel, assim cria-se uma sensação do controlo.

— Mas as criptomoedas continuam a ser uma ferramenta de alto risco. Os jovens têm consciência disso ou agem impulsivamente?

Têm consciência, mas aceitam o risco de forma diferente. Para as gerações X e Y o risco é uma ameaça. Para a Geração Z é uma possibilidade.

Os investidores jovens entendem a volatilidade de criptomoedas, mas continuam a trabalhar. Não são imprudentes, simplesmente aceitam o risco como uma ferramenta — fazendo a diversificação, criando uma “margem de segurança” e utilizando os botes de AI para análise.

O problema não reside no risco, mas no fato do ruído informativo estar muitas vezes camuflado da formação. Um vídeo pode parecer um conselho de um especialista, apesar de ser simples marketing. Por isso é importante ter formação financeira e não apenas seguir as tendências.

— Podemos dizer que a Geração Z torna o mercado menos previsível?

— Sim, e é mais interessante. Antes o mercado era impulsionado pelas institucionais e operadores com experiência. Agora é influenciado por memes, influenciadores e algoritmos de redes sociais.

Mas isso não é necessariamente mau. A Geração Z trouxe nova liquidez e tornou o mercado de criptomoedas mais democrático.

Esta geração age rápido, flexível e coletivamente. Quando no TikTok aparece uma tendência — a mesma visualizar-se-á nos gráficos das bolsas dentro de horas.

— Como avalia as perspetivas? Trata-se de uma moda passageira ou de uma tendência de longo prazo?

Diria que é um novo modelo de comportamento, não uma moda. Pois, existe um elemento de hype, mas, juntamente com ele, vem o amadurecimento. Muitos de aqueles que começaram com “vídeos virais” agora estão a aprender melhor o blockchein, criando os projetos NFT, investindo em DeFi e ativos tokenizados.

A Geração Z é a geração que cresceu com os jogos. Para eles é importante, além de ganhar dinheiro, é participar, influenciar e entender como o sistema funciona. Portanto, não abandonarão as criptomoedas — torná-las-ão mais transparentes e tecnológicas.

— Na sua opinião, acha que os investidores jovens devem confiar nos conselhos do TikTok, Instagram e YouTube, quando apenas estão a começar a ter interesse nas criptomoedas?

É importante entender que devem tratar as criptomoedas com a cabeça fria. Não é uma viagem para dinheiro fácil, é uma ferramenta complexa e de alto risco, que obriga ter conhecimento da tecnologia, princípios de funcionamento e formação básica de segurança financeira. Não é possível explicar dentro de 30 segundos o que é a liquidez, volatilidade ou proteção de ativos. Antes de investir, deve-se dominar o meio onde pretende investir, quais são os riscos e mecanismos de proteção. Desde que tenha uma abordagem consciente, as criptomoedas podem se tornar uma ferramenta de desenvolvimento e independência financeira.

Sara Bailoc

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Enfermeira especialista em reabilitação e mestranda em Gestão de Empresas
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