MADEIRA Meteorologia

Alterações climáticas surgem como terceira maior ameaça à vida selvagem

Data de publicação
21 Maio 2025
8:19

As principais causas da perda de biodiversidade global têm sido a sobre-exploração e a alteração do habitat, mas à medida que as alterações climáticas se intensificam, vão tornar-se a terceira maior ameaça para os animais da Terra.

Este é um alerta de um estudo realizado por cientistas dos Estados Unidos e do México, cujos detalhes foram publicados na terça-feira na revista BioScience.

A análise, que estima o número de espécies animais ameaçadas pelas alterações climáticas em mais de 3.500, lança luz sobre as enormes lacunas na compreensão dos riscos para o reino animal, noticiou a agência Efe.

“Estamos no início de uma crise existencial para os animais selvagens da Terra”, alertou o diretor do estudo, William Ripple, professor de ecologia na Universidade Estadual do Oregon, Estados Unidos.

“Até agora, a principal causa da perda de biodiversidade tem sido a dupla ameaça da sobre-exploração e da alteração do habitat, mas, à medida que as alterações climáticas se intensificam, esperamos que se tornem uma terceira grande ameaça para os animais da Terra”, vincou.

A equipa analisou dados de 70.814 espécies de animais de 35 classes, utilizando dois conjuntos de dados públicos de biodiversidade para avaliar a vulnerabilidade às alterações climáticas nas populações de animais selvagens.

Descobriram que pelo menos um quarto das espécies de seis classes diferentes estão ameaçadas pelas alterações climáticas, incluindo aracnídeos e quilópodes (centopeias), antozoários e hidrozoários (invertebrados marinhos relacionados com alforrecas e corais).

“Estamos particularmente preocupados com os invertebrados oceânicos, que absorvem a maior parte do calor das alterações climáticas. Estes animais estão cada vez mais vulneráveis devido à sua capacidade limitada de se movimentar e escapar rapidamente de condições adversas”, sublinhou Ripple.

O estudo alerta que eventos extremos como ondas de calor, incêndios florestais, secas ou inundações podem causar mortalidade em massa de animais, o que, por sua vez, afetará o ciclo de feedback do carbono e o ciclo de nutrientes.

“Estes efeitos provavelmente também terão impacto nas interações entre espécies, como a predação, a competição, a polinização e o parasitismo, que são vitais para o funcionamento dos ecossistemas”, alertou ainda.

O estudo documenta vários colapsos populacionais relacionados com o clima, como o desaparecimento de mais de 10 mil milhões de caranguejos-das-neves no Mar de Bering desde 2018 e as 7.000 mortes de baleias-jubarte relacionadas com ondas de calor no Pacífico Norte.

Além disso, o aquecimento das águas reduziu as populações de moluscos na costa de Israel em 90%, demonstrando o quão suscetíveis são os invertebrados, observaram os autores.

Mas a mortalidade em massa não se limitou aos invertebrados: em 2015 e 2016, quase 4 milhões de garoupas comuns na costa oeste da América do Norte morreram de fome devido a uma interrupção na cadeia alimentar causada por uma onda de calor marinho extremo que também levou a um declínio de 71% no bacalhau do Pacífico.

Perante estes dados, os autores estão preocupados com as informações limitadas recolhidas sobre os riscos das alterações climáticas para a vida selvagem.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Presidente da APMM - Associação de Promoção da Macaronésia da Madeira
16/06/2025 03:30

Cada vez mais se ouve falar da Macaronésia (e, felizmente, não tanto de “Macarronésia”), em conferências discretas, cimeiras internacionais, exposições,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

O que se pode esperar da prestação de Vítor Matos no comando técnico do Marítimo?

Enviar Resultados

Mais Lidas

Últimas