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'Saramago: a diáspora e a insularidade' está patente na Galeria Anjos Teixeira

JM-Madeira

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Data de publicação
17 Maio 2022
18:58

Na Galeria Anjos Teixeira, no Funchal, à Rua João de Deus, nº 12, teve lugar nesta terça-feira, 17 de maio, a abertura da instalação intitulada "Saramago: a diáspora e a insularidade".


Esta iniciativa dá início a uma programação cultural relativa às comemorações do centenário de José Saramago e, neste caso, na sequência de uma parceria entre a Galeria Anjos Teixeira e a Direção Regional da Madeira do Partido Comunista Português



Leia na íntegra o texto de apresentação da exposição por parte do coordenador regional do PCP, Edgar Silva:

"Nesta tarde na Galeria Anjos Teixeira promovemos a abertura da instalação intitulada "Saramago: a diáspora e a insularidade".

Esta iniciativa dá início a uma programação cultural relativa às comemorações do centenário de José Saramago e, neste caso, acontecerá na sequência de uma parceria entre a Galeria Anjos Teixeira e a Direção Regional da Madeira do PCP.

Da parte da Galeria Anjos Teixeira serão desenvolvidos diversos eventos sobre a diáspora e a insularidade no pensamento e na obra do escritor José Saramago.

Da parte do PCP serão concretizadas propostas para assinalar o centenário de José Saramago, sob o lema "Escritor universal, intelectual de Abril, militante comunista". Deste modo, o PCP pretende contribuir para a divulgação e para o debate em torno da obra de um dos mais destacados intelectuais do Portugal de Abril, para a democratização da cultura, com especial preocupação com as novas gerações, bem como para o conhecimento do seu papel na luta contra o fascismo, pelas conquistas de Abril, como militante comunista.

Com esta instalação na Galeria Anjos Teixeira, simbolicamente, damos início a uma viagem criativa pela mão do Nobel da Literatura, através de diversos fragmentos da sua obra, naquela que foi a sua experiência da diáspora e a valorização da insularidade. Assim, pretendemos uma incursão por vertentes do pensamento e obra de Saramago ainda por elaborar. E, nós que somos das ilhas, nós que somos povo em diáspora, seremos especiais protagonistas, em José Saramago, dessa condição tanto geográfica quanto poética.

O sujeito e poeta, exilado ou não, na insularidade distante está na prosa do escritor em Cadernos de Lanzarote, uma espécie de diário que José Saramago começou a escrever quando se mudou para a Ilha de Lanzarote, no arquipélago das Ilhas Canárias, quando da censura pelo governo português do seu livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo. Na ilha, a insularidade configura-se como lugar do avivar da memória, ou como o espaço da memória como condição de criação literária.

Diz Saramago: «Habitamos fisicamente um espaço, mas, sentimentalmente, habitamos uma memória». (SARAMAGO, José - Cadernos de Lanzarote. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 207.)

Em José Saramago a ilha é também um itinerário para quem se coloca em busca de si próprio, como nos desafia em O Conto da Ilha Desconhecida, a metáfora do homem que queria um barco para ir à procura da ilha que estaria por descobrir.

À insularidade associámos a diáspora. E em José Saramago, mais do que a ideia de viagem, que atravessa a sua obra, a diáspora é entendida como o "ser arrancado do seu solo", o ser afastado do seu chão.A diáspora é, pois, outro fecundo filão intuitivo que importará aprofundar na escrita de Saramago. A diáspora, que tem expressão maior em O ano da morte de Ricardo Reis, traz à memória o asilo, a deportação, o exílio, que em Portugal se vivia na ditadura de Salazar. Aí a problematização da diáspora é sentida pela condução dada ao personagem Ricardo Reis que «há dezasseis anos que não vinha a Portugal». (SARAMAGO, José - O ano da morte de Ricardo Reis. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 13).

Assim, iniciamos hoje um percurso em que se cruzam a arte e a práxis política, a leitura comprometida da vida e da nossa história coletiva e da palavra para transformar a vida e a história, a pretexto do centenário daquele que foi um dos mais destacados intelectuais do Portugal de Abril.

Terminamos esta sessão com a canção de Manuel Freire, que transformou em canção o poema de José Saramago Ouvindo Beethoven, que faz parte do livro Os Poemas Possíveis.

Até breve!"

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