MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

20/01/2021 08:09

A Cidade do Funchal ao longo das décadas, tem sido um importante porto de escala para a navegação marítima - pela soberba localização geográfica da Ilha da Madeira, no Oceano Atlântico - dos navios transatlânticos das principais companhias europeias, na rota para os seus destinos - os portos africanos ou americanos. Entre eles, os navios da companhia "Cunard White Star Line" - a proprietária do infeliz Titanic. Aportando e zarpando de uma Ilha paradisíaca e, onde os seus passageiros passavam horas ou dias na cosmopolita cidade, que ainda mantinha a pacatez e o romantismo optimista do pós-guerra. Navios esses, que desde as décadas de 40 e 50 foram auxiliados nas manobras de chegada e partida ao molhe do porto da "pontinha", por um dos seus pilotos da barra: Luís Cunha Teixeira - conhecido entre os madeirenses simplesmente por: O "piloto" Cunha. Nasceu a 26 de março de 1918, na freguesia de São Pedro da capital madeirense. Desde a adolescência e tempo de estudante praticou várias modalidades desportivas ligadas ao mar, moldando como na obra de Jack London o jovem "lobo do mar" num verdadeiro sportsman. Mais tarde, ingressa na "Escola Naval" em Lisboa. Nesta época, atravessa o Atlântico por várias vezes a bordo do Navio "Amarante" em plena II Guerra Mundial. Após, regressa à ilha, onde consegue colocação como "piloto da barra" no porto do Funchal.

Divide os seus tempos livres, entre a paixão pelas actividades náuticas e pelo desporto motorizado, nas tertúlias com os amigos pelos bares da cidade capital insular e as provas com os automóveis. Devoto sportinguista e um dos fundadores do "Clube 100 à Hora" regional, que organiza várias provas de Circuito, Perícia, Ralis e Rampas... Leva a sua paixão à prática em 1953, quando participa pela primeira vez num Rali regional com um Opel Olímpia e nos anos seguintes em provas locais. Em 1959, toma parte na "I Volta à Ilha da Madeira em Automóvel" - prova organizada pelo "Club Sports Madeira", integrada nas comemorações dos 50 anos da sua fundação - com um Ford Taunus 17m. Provando uma vez mais, que era um bom volante, reconhecido nos meandros do entusiasmo madeirense, pela competição automóvel. Nesta prova, participa uma verdadeira armada Alfa Romeo, vinda do continente com o apoio do ACP. Constituída pelos principais pilotos que na época competiam ao volante dos pequenos e ágeis Alfa Romeo Giulietta , nos modelos Berlina T.i. ou nos elegantes Sprint, Spider ou Sprint Veloce. Acelerando e espalhando o perfume italiano pelas sinuosas e belas estradas de basalto insular, contornando o rendilhado das localidades - como no bordado madeirense com o verde da Laurissilva emoldurado pelo azul do oceano. As Giulietta a todos cativa pela sua performance - tendo em conta os 1300cc do seu motor em alumínio de dupla árvore-de-cames - conferindo-lhe ligeireza - cronometrando melhores tempos em relação aos outros automóveis - mesmo de maior cilindrada - além de uma suspensão muito evoluída e eficaz ao seu tempo.

Provavelmente influenciado pelos alfisti continentais, o "piloto" Cunha encomenda um Alfa Romeo Giulietta T.i. - a versão berlina de 4 portas - comprada nova na empresa MOCAR em Lisboa, matriculada como "HE-97-23" e mais tarde matriculada "MD-38-13" no Funchal. Compra-o "através do concessionário "Fernando Ornelas Cunha, Lda" - propriedade da família de um outro notável piloto ilhéu: O Zeca Cunha, com quem muitas vezes é confundido - Representante da "General Motors" no Funchal e que, passa a representar a Alfa Romeo na Madeira" - segundo o seu filho António Teixeira, que em 2010 honrou-me com o acesso ao arquivo fotográfico de seu pai. O "piloto" Cunha ganha o estatuto - na minha opinião - do maior alfista madeirense da década de 60. (continua)

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