No seu “primeiro e último” discurso como presidente da autarquia de Câmara de Lobos no dia do concelho, Sónia Pereira admitiu que era “um momento especial”, optando pelo “caminho da emoção e não apenas pela estatística de obras ou de programas”, nas palavras que transmitiu às pessoas que assistem à cerimónia no Museu de Imprensa da Madeira.
Antes, falou nos 12 anos como vereadora e, mais recentemente, como presidente do município.
Do balanço feito, começou pela Educação, área que tutelava e pelo orgulho que sente por ser professora de profissão.
”Acredito como mãe, professora e como autarca, que nenhuma transformação é verdadeiramente duradoura se não começar pela escola: o espaço onde se formam pessoas, se moldam consciências e se constroem futuros”.
Sónia Pereira lembrou as várias medidas desenvolvidas que totalizaram mais de 50 milhões de euros nos últimos 12 anos, com a convicção de que “ninguém ficou para trás”.
Quanto às contas, a autarca revelou que a dívida municipal é “o melhor espelho da consolidação” do concelho. “Há 12 anos, ascendia a 13,5 milhões de euros. A dívida de ontem, 3 de outubro, estava fixada em 2,87 milhões. Menos 10,6 milhões de euros, uma redução de 78,7%”, vincou.
Sónia Pereira sublinhou que, graças aos resultados financeiros autárquicos, foi possível libertar recursos para investir nas freguesias e nas pessoas”.
Entre 2013 e 2024, foram captados 27,7 milhões de euros fundos europeus. Até setembro de 2025, o acumulado subiu para 27,83 milhões.
Na receita, Sónia Pereira referiu que entre 2013 e 2024 somou 223,8 milhões e, até setembro deste ano, ultrapassava 243,2 milhões de euros.
Verbas usadas para desenvolver o concelho do mar à serra, com a autarca a percorrer todas as cinco freguesias recordando as obras desenvolvidas.
No seu discurso, Sónia Pereira destacou o crescente investimento privado no concelho, mas alertou para o problema da habitação.
”Todos são bem-vindos, mas não podemos esquecer que uma terra se faz, antes de mais, com quem cá nasceu, com quem cá trabalha e com quem aqui quer continuar a viver”.
A autarquia reconheceu a urgência de colocação da habitação como prioridade estratégica para o futuro próximo, disse a responsável lembrando a aprovação da Estratégia local de habitação.
”Partimos de 47 milhões de euros contratualizados e reforçamos a dotação para 68 milhões, por força da revisão efetuada da estratégia de forma a dar resposta às famílias da Fajã das Galinhas”, recordou, para além de outras medidas fiscais e de investimento implementadas pela autarquia e pelo governo na área habitacional, como fogos financiados pelo PRR e o programa Renda reduzida, que contempla 204 fogos do concelho.
Nesta área, Sónia Pereira disse que a ambição deve ser simples e firme: “que nenhuma família de Câmara de Lobos fique para trás por falta de uma casa digna”.
Os números do turismo estiveram também presentes no discurso de balanço, entre outros aspetos.
Com emoção na voz, Sónia Pereira prestou agradecimentos a várias pessoas e entidades, começando pelos funcionários da Câmara.
”Um ciclo chega ao fim. Não o da nossa história comum, mas o de uma etapa de serviço que me honrou profundamente”, afirmou.
”Câmara de Lobos seguirá o seu caminho com novos protagonistas e novos desafios”, com “o legado de trabalho, de proximidade e de compromisso com as pessoas”.
E terminou: “muito obrigada. Foi uma honra e um privilégio servir Câmara de Lobos”.