Os jovens universitários madeirenses que ingressam no ensino superior no continente reiteram a preocupação em relação ao alojamento. Dizem que a oferta é pouca e o que há está caro para o bolso de quem deixa a Região para seguir o seu sonho profissional. Uma assunto cada vez premente que o Governo Regional tenciona atenuar com uma proposta de alteração ao sistema de bolsas de estudo, a qual deverá passar já este ano letivo 2023/24 para um valor máximo de 200 euros mensais - atualmente é de 190 euros.
A preocupação sobre o alojamento foi partilhada aos jornalistas por alguns jovens universitários madeirenses, esta manhã, à margem da abertura do II Encontro de Universitários Madeirenses, evento organizado pela Associação Jovens Madeirenses Conectados (AJMC), que decorre entre hoje e amanhã no Museu de Eletricidade da Madeira.
"Eu não estou numa casa. Estou numa residência universitária, mas a perspetiva que tenho dos meus colegas é que está cada vez mais complicado arranjar casa e os preços estão cada vez mais altos", afirmou Carlos Gouveia, estudante de Engenharia Mecânica na Universidade do Porto, o qual faz também parte da organização do certame.
A este propósito, o estudante reconhece, porém, que os apoios e os serviços da segurança social têm vindo a melhorar nesse sentido, ajudando a promover o bem-estar económico e social dos jovens deslocados.
Além disso, afirma que as bolsas de estudo atribuídas tanto pelo Governo Regional como pelo continente e pelas câmaras municipais da Região, no seu caso em particular da Ribeira Brava, são suficientes para colmatar as despesas, isto, naturalmente, mediante a contenção dos gastos e despesas.
Precisamente pelo facto de o alojamento e a habitação serem dos principais temas que causam inquietação entre os jovens que vão estudar para fora da ilha, Sara Pinheiro, vice-presidente da (AJMC), explica que a Associação criou um "guia SOS" com diversas ferramentas que auxiliam os estudantes em questões como procurar casa; realizar um contrato de arrendamento, entre outros temas que servem para prestar apoio na nova fase da vida dos estudantes.
Servir de apoio é, aliás, uma das ideias principais do EUMA que acontece ao longo destes dois dias, num espaço onde os jovens podem interagir, partilhar experiências e inquietações sobre estas e outras temáticas.
"A ideia é fazer com que os jovens que vão ingressar na faculdade não se sintam sozinhos, nem perdidos. Queremos ajudá-los e apoiá-los", frisa Sara Pinheiro.
Proposta de alteração ao sistema de bolsas
Reconhecendo que uma das principais dificuldades dos estudantes madeirenses que vão estudar para fora é o alojamento, Jorge Carvalho, secretário regional de Educação, Ciência e Tecnologia, adiantou que há uma proposta de alteração ao sistema de bolsas, a qual deverá ser uma realidade já no presente ano letivo 2023/24.
"Vamos criar as condições para que mais jovens possam aceder às bolsas de estudo do Governo Regional, mas acima de tudo, também, alterando os critérios não só de capitação do ponto de vista dos agregados familiares, mas, também, os encargos que podem estar associados a esses mesmos valores para acesso à bolsa de estudo", apontou o governante aos jornalistas, adiantando que o valor máximo da bolsa será o de 200 euros mensais, variando em função dos escalões.
"Temos uma bolsa mínima de 70 euros para os estudantes universitários que ficam cá e evolui em diferentes patamares até aos 200 euros por mês", complementou, observando que, neste momento, a bolsa máxima do Governo Regional ronda os 190 euros mensais.
Geração "altamente capacitada"
Trazendo uma mensagem de "esperança e confiança" aos jovens presentes na sessão de abertura do evento, Jorge Carvalho começou por felicitar a organização por promover um "espaço de reflexão", que ajudará no seu entender esta "geração, altamente capacitada e capaz", e sobretudo os universitários, a encontrarem as soluções para fazer face aos desafios da atualidade.
De referir que o evento, que reunirá cerca de cinco dezenas de jovens universitários madeirenses que vão ingressar, que estão ou que já saíram do ensino superior, contemplará neste primeiro dia ferramentas sobre a economia da ilha, economia circular, empregabilidade, emigração e educação. Já no que respeita ao dia de amanhã, os estudantes vão formar grupos com vista a formalizar alguns projetos com ideias e sugestões de melhoria para implementar na Região.
A Região contabiliza cerca de 8 mil estudantes universitários, dos quais 2 mil são bolseiros.
Bruna Nóbrega