O cheiro a milho e a manteiga de alho espalha-se pela cozinha onde, entre frigideiras antigas e recordações vivas, Maria José Vasconcelos, porto-santense quase a completar 80 anos, continua a amassar a memória de uma ilha inteira.
No Porto Santo, onde cresceu e viveu quase sempre, a escarpiada, um pão achatado e dourado, nascido da escassez e da engenhosidade, era o alimento de cada dia. Hoje, é um símbolo raro de um tempo em que o essencial bastava.
Feito de farinha de milho, água e sal, cozido sobre o ‘caco’, uma pedra quente untada com azeite, este pão raso de seu nome escarpiada possui textura fina e sabor levemente tostado. Terá origens árabes, como outros pães achatados do Mediterrâneo, sendo que no Porto Santo, porém, a receita ganhou alma própria.
Era o pão dos pobres, quando o trigo e o fermento eram sinónimos de riqueza e o bolo do caco, então chamado de bolo de trigo, chegava a muito poucos.
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