A presidente do Município da Ponta do Sol considera que por melhor que seja o momento económico que se possa viver há sempre problemas sociais que atingem uma percentagem da população. Célia Pessegueiro aponta que “mais emprego não significa mais e melhores condições de vida. O custo de vida aumentou e tornou-se difícil para um grande número de cidadãos aceder a bens essenciais e à habitação”.
Palavras proferidas durante a sua intervenção na apresentação pública da “Avaliação do Plano Local de Promoção e Proteção dos Direitos das Crianças e Jovens da Ponta do Sol 2021-2023” e do “Plano Local para 2024-2027”, pela CPCJ da Ponta do Sol, que hoje teve lugar no auditório do Centro Cultural John dos Passos-
Durante a sua intervenção, a presidente Célia Pessegueiro agradeceu a toda a equipa que trabalha com o objetivo de melhorar as condições de vida das crianças e jovens, sobretudo as que estão expostas ao risco.
Referiu que “o nosso papel enquanto responsáveis por esta comunidade é fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para minimizar a exposição das crianças e jovens aos riscos, tentando que esta passagem pela infância e pela adolescência seja o mais tranquila possível e que não deixe sequelas para o futuro, para que tenhamos adultos confiantes, seguros de si e com projetos de futuro. Problemas vão existir sempre, o importante é a capacidade de resiliência para saber ultrapassá-los.”
Lembrou que no concelho, um problema que afeta algumas famílias é a habitação. Neste caso “temos tentado ajudar com a resolução de situações mais urgentes e fomos constatando que as necessidades não eram apenas básicas, mas também a falta de condições para que cada criança e jovem tenha o seu espaço em casa, onde possa estudar, brincar ou simplesmente ficar sozinho. Estamos a trabalhar para que haja condições para garantir que todo o agregado familiar possa ter o seu espaço e condições.” A integração no projeto “1.ª Direito”, um programa nacional de apoio à habitação, permitirá ao Município chegar a muitas famílias do concelho e resolver muitas das carências identificadas.
Lembrou também que diversas iniciativas do município, em concertação com as Associações locais, quer desportivas, quer as culturais, têm em vista integrar os jovens em atividades potenciadoras do bem-estar e da integração.
Afirmou que “daquilo que tem sido o trabalho da Câmara da Ponta do Sol, é sempre uma preocupação tentar criar todas as ferramentas possíveis para que o ambiente familiar e também o ambiente escolar sejam propícios ao estudo, à integração e à participação em várias atividades que possam ajudar a enriquecer e a crescer como pessoa.”
O apoio dado através da disponibilização de manuais escolares até o 12.º ano visa combater o abandono e absentismo escolar, uma vez que as despesas em educação pesam muito no orçamento familiar, principalmente nas mais carenciadas. Destacando outra importante medida promovida pelo Município destinada aos jovens, com a atribuição de bolsas de estudo aos estudantes do ensino superior que este ano duplica os valores do apoio.
Nesta sessão, Célia Pessegueiro lamentou as palavras proferidas por uma deputada do PSD à Assembleia da República, eleita pela Madeira, que “considera que as estatísticas da pobreza na Madeira estão erradas e responsabiliza as pessoas mais desfavorecidas de gerirem mal a sua vida”.
“É lamentável que uma deputada tenha um discurso de desprezo pelas pessoas que representa e que não procure apresentar soluções que visem, de facto, melhorar as condições da população. Ao invés disso passa as culpas para as pessoas e ainda diz que são «miséria de cabeça”, lamentou, lembrando que as estatísticas provam que a Madeira apresenta um nível de risco de pobreza de 28,1% (o segundo maior do país), e ainda os salários médios mais baixos e os preços da habitação mais elevados a nível nacional.