O Junto pelo Povo (JPP) acusou esta quinta-feira Miguel Albuquerque de “viver numa bolha onde para ele a realidade é uma ficção, prometendo o que depois não cumpre”. Num encontro com a comunicação social, o deputado Paulo Alves fundamentou a acusação com o facto de o presidente do Governo ter prometido, segunda-feira, aumentar de 15 para 20 o número de camas do lar do Porto Moniz, uma obra onde prevê investir 2 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), referindo que a remodelação estará concluída em agosto de 2025.
“Só uma pessoa sem memória ou que facilmente se esquece dos seus compromissos, pode ter semelhante desplante”, afirma o parlamentar. “É que também há 4 anos prometeu a transformação da Escola de São Jorge em lar para idosos e ainda não fez nada! Vem agora prometer esta obra até agosto. É só atirar promessas para o ar, para ver se pega.”
O JPP toma a promessa de Miguel Albuquerque para o Lar do Porto Moniz para exemplificar com a situação do Lar de S. Jorge, que já se arrasta há quatro anos, e reafirmar a “falta de palavra e de confiança” no líder do PSD e do Governo.
A transformação em lar das antigas instalações da escola de 2.º e 3.º Ciclos de S. Jorge, também é suportada por verbas do PRR. Mas, de acordo com o JPP, o processo está repleto de promessas em períodos eleitorais, peripécias, recuos e aselhices.
O concurso público para a concessão e exploração do Lar S. Jorge foi anunciado a 22 de julho de 2021. O Governo garantiu então que o Lar iria gerar 60 postos de trabalho e acolher 72 idosos.
Em abril de 2022 a obra ainda não tinha começado e já era notícia que iria perder verbas do PRR. “A 23 de janeiro de 2023, ano de eleições regionais, do alto da sua altivez, Miguel Albuquerque garantia que o Lar de S. Jorge entraria em funcionamento nesse ano”, recorda Paulo Alves. “Estamos em 2025 e a promessa continua por cumprir.”
A 31 de julho de 2024, nova promessa do Governo Regional, por via da secretaria de Inclusão, Trabalho e Juventude, afirmando que o alargamento da Rede de Estruturas Residenciais e Não Residenciais para Pessoas Idosas, com dinheiros do PRR, iria beneficiar a requalificação da antiga escola. Seria o projeto “São Jorge Living Care”, previsto terminar a 30 de setembro de 2025.
Acontece que o anúncio da Secretaria surge depois da denúncia do JPP alertar para o longo atraso na transformação da escola em lar e trouxe uma revelação que o governo de Albuquerque escondeu: “Do projeto inicial, com duas valências, sobreviveram apenas as 36 camas do lar, as outras 36 camas previstas para a unidade de cuidados continuados esfumaram-se”, lembra o JPP.
“Como acreditar num líder de governo que mente com tamanho descaramento”, interpela o deputado do JPP. “Se anda há quatro anos para resolver o Lar de S. Jorge e não o fez, e se o fizer será apenas metade do que prometeu, podemos confiar que o mesmo não acontecerá com o Lar do Porto Moniz?”
“Em matéria de políticas sociais para a população idosa, o Programa de Governo do JPP é pragmático, quer no desenvolvimento de soluções para resolver a falta de lares, quer na resposta eficiente às altas problemáticas e no apoio às famílias, através de uma rede de pequenas unidades de cuidados continuados, a partir de escolas ou edifícios públicos desativados, mas também na dignificação da qualidade de vida dos idosos, aumentando em mais 150 euros o complemento das reformas”, realça o partido.