O representante da República para a Região Autónoma da Madeira, Ireneu Barreto, marcou presença na sessão de abertura do congresso que assinala o centenário da chegada das Irmãs da Apresentação de Maria à Madeira, destacando o percurso da instituição e a importância da educação assente em valores humanistas.
No seu discurso, Ireneu Barreto começou por agradecer o convite da Comissão Organizadora, sublinhando a relevância do Colégio da Apresentação de Maria na história da Região. “Permitam-me o reconhecimento público pelo trabalho que, desde 1924, o Colégio da Apresentação de Maria desempenhou a favor de tantos jovens da nossa terra”, afirmou.
Considerando o colégio uma “casa de educação e de valores”, destacou o impacto da instituição na formação de milhares de jovens madeirenses, que ali “chegaram, num ambiente sadio, à idade adulta”. “Pela sua formação humanista desenvolvida nesta instituição, puderam potenciar o seu contributo para uma sociedade mais fraterna e solidária”, acrescentou.
O representante da República frisou que o colégio se afirmou desde cedo como “uma instituição de ensino privado de referência”, que alia um “elevado nível de preparação” à transmissão dos valores da solidariedade, próprios da Congregação das Irmãs da Apresentação de Maria. “Tudo o que têm feito pelos nossos jovens contribui, pois, para termos melhores cidadãos e uma Comunidade mais sólida e mais desenvolvida.”
Dirigindo-se a religiosas, professores, funcionários, pais e alunos, Ireneu Barreto deixou uma palavra de “sentido agradecimento” pelo trabalho realizado ao longo do último século. E saudou ainda a realização do Congresso Global, pelo seu contributo para o debate sobre o futuro da educação: “Será sobre estes pilares que as novas gerações poderão desenhar as suas vidas.”
Numa intervenção centrada nos desafios do presente e do futuro, Ireneu Barreto considerou que “talvez mais do que nunca, se questiona o papel da Escola, da aprendizagem e da própria natureza do conhecimento”, alertando para os efeitos da “omnipresença da tecnologia”. Neste contexto, defendeu que “os conhecimentos mínimos exigíveis para que saibamos orientar-nos nas enormes complexidades dos tempos modernos são muito mais vastos do que outrora”.
Sublinhou ainda a importância de não perder de vista “os nossos valores humanistas, que constituem a base civilizacional da sociedade contemporânea”, defendendo que “as escolas [devem] preparar as nossas crianças e jovens para estes desafios, valorizando a tecnologia para as dimensões científicas, mas sem esquecer a necessidade do seu enquadramento humanista”.
Para Ireneu Barreto, a tecnologia deve ser colocada “ao serviço de objetivos civilizacionais mais inclusivos, igualitários e livres” em domínios como a economia, o trabalho, a saúde, a justiça ou a política. Citando Habermas, lembrou que “o género humano é desafiado pelas consequências socioculturais não planificadas do progresso técnico, não só a conjurar, mas também a aprender a dominar o seu destino social”.
Concluindo, considerou que, ao organizar este congresso internacional, “as Irmãs da Apresentação de Maria estão a prestar mais um notável serviço à nossa Comunidade, porquanto investir nas pessoas é sempre a melhor forma de honrar o passado e construir o amanhã”.