A ansiedade e a depressão estão atualmente entre os principais problemas de saúde a proliferar entre os mais jovens. A consideração é de Isabel Fragoeiro, presidente da Escola Superior de Saúde da Universidade da Madeira (UMa) e também coordenadora do Observatório Regional de Saúde Mental da Madeira (ORSM-RAM), que defende, por isso, a importância de uma infância e adolescência pautadas por um bom acompanhamento familiar.
Admitindo que esse tipo de problemáticas, como a depressão, como levar ao suicídio, Isabel Fragoeiro considera fulcral a criação de condições "ao longo do desenvolvimento, desde as fases iniciais até ao fim da nossa vida, que reforcem as forças internas das pessoas", sublinhou. "Tenhamos em consideração que a infância e a adolescência são fases muito importantes para o desenvolvimento, porque há muitas mudanças e os jovens precisam ser acarinhados e ter pessoas próximas", sustentou.
A responsável falava à margem da conferência internacional subordinada ao tema ‘Globalização, Transculturalidade, Integração: que desafios para a saúde mental e para a educação’, que decorre, esta tarde, no auditório da Reitoria da Universidade da Madeira (UMa).
O objetivo do evento foi o de identificar fatores promotores de saúde mental bem como estratégias mobilizáveis para a melhor adaptação e integração; reforçar a sensibilidade transcultural nos setores da saúde e da educação; promover a aceitação das diferenças interpessoais e interculturais e valorizar a importância da saúde mental individual e das comunidades da comunicação positiva, entre outros.
Problemas de adaptação e integração são os mais frequentes
A esse propósito, Isabel Fragoeiro lembrou que o número de estudantes internacionais tem vindo a aumentar, adiantando que problemas de adaptação e integração são os mais habituais entre os alunos deslocados.
"São situações que derivam de um conjunto de mudanças que ocorrem ao mesmo tempo porque quando uma pessoa se desloca, mesmo que seja para estudar, muda todo o seu padrão de vida e tem de se adaptar. (…) Em certas circunstâncias, quando existem algumas vulnerabilidades pessoais, e se realmente o ambiente de acolhimento não for o mais acolhedor, podem haver situações de dificuldade afetiva que as pessoas precisem de algum apoio complementar", notou, sublinhando que esse é um trabalho que as universidades já têm vindo a fazer.
Balanço do Observatório
Já fazendo um balanço ao Observatório Regional de Saúde Mental da Madeira, criado em 2019, através de uma parceira entre a UMa e o SESARAM, com o objetivo de contribuir para o estudo continuado da evolução ocorrida em matéria de saúde mental a nível regional, Isabel Fragoeiro constatou que a estrutura tem procurado fortalecer a relação entre os vários serviços, de forma a atuar de acordo com as necessidades de cada pessoa.
Reconhece, porém, que seria positivo fazer um investimento em termos da compilação de dados epidemiológicos na área da saúde mental para caracterizar a situação de uma forma mais objetiva.
Bruna Nóbrega