O coordenador regional do Partido ADN – Alternativa Democrática Nacional, Miguel Pita, e cabeça de lista à Câmara Municipal do Funchal nas eleições autárquicas de 12 de outubro, lança, em comunicado de imprensa, um alerta sobre “o crescimento insustentável” do número de veículos na Região Autónoma da Madeira, defendendo a adoção de medidas urgentes para travar a entrada de automóveis na ilha.
Segundo dados apontados pelo partido, entre 2022 e 2024 entraram na Madeira 36.023 veículos, enquanto apenas 6.144 saíram pela via marítima. “Isto significa um saldo positivo de mais 29.879 automóveis a circular numa ilha limitada em termos geográficos”, sublinha o comunicado. O balanço exclui motociclos, cuja entrada ronda, em média, 150 unidades por mês.
A situação manteve-se em 2025: só entre 1 de janeiro e 30 de setembro entraram na Região 8.861 veículos, contra 1.723 que saíram. “A grande maioria corresponde a carros novos, maioritariamente destinados às empresas de rent-a-cars”, destaca o ADN-Madeira.
O partido critica a ausência de limites ao número de viaturas exploradas pelas mais de 200 empresas de rent-a-cars atualmente registadas na Madeira. “Algumas acumulam a atividade de aluguer com a de venda de automóveis, o que pode resultar numa menor especialização e comprometer a qualidade dos serviços”, alerta Miguel Pita.
O ADN exige uma fiscalização mais rigorosa às empresas do setor, defendendo que as autoridades verifiquem o número de viaturas em operação, as condições dos parques de estacionamento e o destino dado aos carros retirados do serviço de aluguer.
Embora reconheça a importância do turismo para a economia regional, o partido sublinha os efeitos adversos do aumento da frota automóvel, nomeadamente “a sobrecarga das infraestruturas rodoviárias, a degradação ambiental, a pressão sobre o estacionamento e a descaracterização da paisagem”, fatores que considera estarem a comprometer “a qualidade de vida da população e a sustentabilidade da própria atividade turística”.
O ADN recorda ainda que, segundo a aplicação de navegação GPS TomTom, o Funchal é a cidade portuguesa com maior congestionamento rodoviário. No Índice de Tráfego de 2023, a capital madeirense ocupa a 52.ª posição a nível mundial, com um tempo médio de 21 minutos e 30 segundos para percorrer 10 quilómetros. Seguem-se Lisboa (139.º), Porto (204.º), Braga (271.º) e Coimbra (291.º).
“No topo da lista mundial está Londres, mas se continuarmos neste ritmo, a Madeira arrisca-se a conquistar mais um triste ‘prémio’: o de cidade com mais trânsito”, advertiu Pita.
O dirigente do ADN reagiu ainda às recentes declarações do secretário regional de Turismo, Ambiente e Cultura, Eduardo Jesus, que considerou que “a Madeira ainda não atingiu o seu limite turístico”. Para Miguel Pita, esta visão é “preocupante”, pois ignora a pressão crescente sobre a mobilidade urbana.
“Se o aumento do turismo continuar e se mantiverem as atuais entradas de veículos na RAM, em pouco tempo a Região poderá conquistar mais um ‘prémio’, o de cidade com mais trânsito”, declarou o candidato.