MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

PALAVRAS APENAS

6/06/2023 06:00

É ela que segura o medo do que há de vir e escreve recados nas nuvens que nos indicam o caminho. Uma estrela, portanto, como nos versos de Cabral do Nascimento:

Tão alto pus a Esperança / (Como se fora uma estrela)

É o princípio da esperança que nos permite acreditar em outros princípios: o da redenção, o do amor, o da vontade de ser mais. Isto num tempo em que andamos tão cansados. Tão cansados, meu amigo! Falta-nos a capacidade para sonhar. E é isso que nos consome a alegria. E a liberdade. E a coragem para começar de novo, renovando todas as coisas. Falta-nos a humildade para perceber que sozinhos somos muito frágeis.

Avanço, então, hoje, com o principio da esperança. E aponto o meu olhar para o horizonte que se avista no tempo que me é dado viver. E olho o que sou, a partir da minha fé, desenhando, em cada dia, o caminho do que quero ser. Tento pensar que as minhas manhãs me oferecem tantas possibilidades de ser feliz; penso: se for de Deus, que seja. E tento ler os sinais.

Este não é um caminho linear, por isso nem sempre é fácil. Muitas vezes parece mesmo impossível fazer "das coisas fracas um poema", como me ensina Fernando Namora, num poema que me lembra o que a minha vaidade me impede de ver:

"Fora de ti há o mundo /E nele há tudo /O que em ti não cabe". O verbo "esperar" faz-nos companhia aqui. Juntamente com um outro sobre o qual penso todos os dias: "confiar". Percebi que esperança e fé fazem parte do mesmo pacote. Charles Péguy, um poeta do princípio do século XX, escreve num poema intitulado «O Pórtico do mistério da segunda virtude», que é a esperança que segura a fé e caridade pela mão: uma de cada lado, como se se tratasse de uma criança a meio dos pais, a caminho do futuro.

A esperança antecipa a alegria. É ela que nos permite viver para que a plenitude aconteça. Ou a eternidade. Ou o nosso descanso no colo de Deus.

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