MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Vice-presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz

31/05/2023 08:00

Mas o problema deste monopólio tem pontas escondidas e problemas sérios que ninguém parece querer enfrentar, debater ou denunciar.

Já se sabe que vivemos numa Região em que uma mão lava a outra, as duas remam para o mesmo lado e o que sobra, mesmo que estruturante, não vinga se não interessar ao sistema montado, ao regime instituído, aos privilégios que se eternizam e que, no fundo, sustentam um estado de coisas que importa manter.

Mas também já todos sabemos que nenhum projeto de desenvolvimento sustentado e sustentável sobreviverá se não tiver como um dos seus eixos programáticos a sustentabilidade ambiental. A questão ambiental é, além de uma prioridade, uma necessidade premente e vital, dado os sinais alarmantes das alterações climáticas e do esgotamento do Planeta que partilhamos.

Questão fundamental numa política ambiental responsável é a gestão dos resíduos que produzimos, e que o consumo torna cada vez mais numerosos. Neste sentido, o tratamento diferenciado dos resíduos, nomeadamente a reciclagem assumem um papel relevante, por permitirem não o desperdício e a acumulação de resíduos, mas sim a sua reutilização.

Por esta altura, já muitos estarão a questionar o que liga a gestão de resíduos e a reciclagem à questão do monopólio dos transportes marítimos.

Ora acontece que a reciclagem passa por enviarmos os resíduos resultantes da separação para o continente, onde se completa uma cadeia de reaproveitamento. A verdade, contudo, é que o facto de existir um monopólio dos transportes marítimos tem vindo a tornar cada vez mais caro este envio, ao ponto de poder vir a comprometer toda a política de reciclagem, por se tornar incomportável manter os custos cada vez mais elevados que são ditados por um monopólio, onde não existe concorrência que possa alterar esta escalada.

E é assim que um monopólio já de si incompreensível pelos prejuízos que traz a todos os madeirenses, pode também colocar em causa um setor estruturante para uma política ambiental responsável e alinhada com a agenda ambiental mundial.

Perante isto, não se percebe como existe tanto silêncio à volta de uma questão que toda a gente está a ver, mas em relação à qual parece mais importante manter a proteção a grupos económicos do que garantir que a gestão de resíduos não fique comprometida e com ela uma política ambiental em consenso com as boas práticas e o investimento que tem sido feito.

Não se percebe, por isso, o silêncio de organismos como a ARM, Água e Resíduos da Madeira, nem tão pouco dos responsáveis pela política ambiental do Governo Regional.

Isto apesar de estarmos perante assuntos muito sérios e que exigem uma responsabilidade que vá mais além da gestão de monopólios, interesses e favores que grassa num sistema que está mais preocupado com a sua sobrevivência do que com uma agenda ambiental e social que urge enfrentar de forma séria e sem alçapões onde se escondem as questões vitais e que devem ser encaradas de frente.

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