MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Diretor

18/03/2023 08:05

Apesar do carácter absolutamente pacífico desses protestos públicos, não deixa de ser curioso ver tanta gente de mal com a vida numa terra em que a norma é a maioria mostrar-se ‘feliz e contente’ com a vida que lhes deixam viver.

Mas, por estes dias, surgiram muitas pessoas a assumir publicamente as suas discordâncias. Não sendo nada de extraordinário, por cá ainda é raro e digno de registo.

Primeiro foram os militares. É certo que não são madeirenses, mas foi na Madeira que 13 homens da Marinha bateram o pé. Desobedeceram às rígidas normas internas e impediram uma missão.

É evidente que não merecem elogios porque deixaram ficar mal uma estrutura de comando, uma força militar, um país. Mas também parece pouco crível que tenham tomado medida tão drástica - que os empurra para fora da carreira - por coisa pouca. Sendo assim, o mais prudente é deixar assentar a poeira que cai sobre Portugal inteiro antes de aplicar sentenças.

No dia seguinte, nos Barreiros, nasceu uma nova revolta à moda da Madeira. Daquelas muito intensas nas redes sociais, muito cheias de entusiasmos, de certezas inabaláveis para a vida inteira.

Normalmente essas revoltas duram uns dias.

E os adeptos verde-rubros, que juram deixar de ir à bola com as águias, são os mesmos que lá estarão no próximo jogo de camisola verde e vermelha. Foi assim antes. Vai ser assim na próxima semana.

Mas, no caso do Marítimo, a revolta chegou às instituições.

Apertada pelos adeptos, a direção do clube mandou as responsabilidades para a Polícia de Segurança Pública. Que os agentes é que não fizeram o seu trabalho, por isso falhou tanta coisa que não podia ter falhado.

Apertado pelos adeptos e pelo clube, o Comando Regional da Polícia de Segurança Pública fez o que raramente faz: contra-atacou na mesma moeda e arrasou a direção do Marítimo.

Andam revoltados os consumidores. Comparam preços, publicam fotografias de valores que pagaram recentemente e do que pagam agora. Acrescentam comentários furiosos, que isto é uma vergonha, um escândalo, um roubo.

Mas nesta luta desigual, pouco mais podem fazer os consumidores do que pagar, comer e calar. As autoridades regionais dizem que não têm como interferir e sugerem que Lisboa faça alguma coisa.

Andam também revoltados os habitantes do Norte da ilha, particularmente os de Santana e os do Porto Moniz por não terem direito a serviço de urgências 24 horas por dia.

As autoridades já explicaram que não é bem assim. Que há ambulâncias novas e rápidas em caso de urgência. Que as distâncias são curtas, quando comparadas com o continente. Que estão dentro dos limites previstos.

As autoridades até já foram ao Norte explicar isso bem explicado. Encheram salas com gente da cidade e outras gentes do Norte politicamente comprometidas. Mas os cidadãos do Norte, os que não têm cargos, que não entram em listas - a não ser as de espera - esses continuam a reclamar mais meios de socorro.

Por fim, uma pequena manifestação de discórdia que se revela maior do que aparenta. Em causa, a mudança operada na Diocese do Funchal.

Tudo aconteceu de forma muito rápida. Talvez rápida demais.

Na terça-feira, a Diocese fez saber que o cónego Manuel Martins deixara o cargo de ecónomo, responsável pelo património da igreja na Madeira. E foi assumido que a decisão se devia a razões pessoais

Na quarta-feira, o cónego veio dizer que não foi bem assim. Admitiu motivos pessoais, mas disse que sai "sobretudo por razões internas" com as quais não se identifica.

Na quinta-feira, a Diocese anuncia que encontrou substituto e que o cargo passa a ser gerido por um leigo.

Na sexta-feira, a Diocese faz saber que o substituto já tomou posse.

Tamanha celeridade, mostra que estão a acontecer coisas na Diocese do Funchal.

De todas estas pequenas revoltas fica uma certeza: terão todas o mesmo destino. Como bem dizem e melhor sabem os madeirenses, "isto vai dar em nada".

E com diziam os mais antigos, "isto é como o mal da traça. Dá e passa".

OPINIÃO EM DESTAQUE

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Qual o seu grau de satisfação com a liberdade que o 25 de Abril trouxe para os madeirenses?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas