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Artigo de Opinião

Professor Universitário

18/04/2024 08:00

Porque estará a sustentabilidade assim tanto na moda? E do falamos quando nos referimos à mesma? Quais são, pois, os nossos referenciais? A sustentabilidade enquanto conceito político foi referido pela primeira vez no Relatório Brundtland das Nações Unidas publicado em 1987. Esse relatório questionava a tensão entre as aspirações da humanidade por uma vida melhor, por um lado, e as limitações impostas pela natureza, por outro. Ao longo do tempo, o conceito foi sendo reinterpretado como abrangendo três dimensões, sendo estas, a dimensão social, económica e ambiental.

O conceito de sustentabilidade surgiu originalmente associado à silvicultura, procurando transmitir a ideia de nunca colher mais do que o que a floresta produz em novo crescimento. A palavra “Nachhaltigkeit” (o termo alemão para sustentabilidade) foi usada pela primeira vez com este significado em 1713. A preocupação com a preservação dos recursos naturais para o futuro foi desde sempre uma preocupação central. As anteriores gerações tinham naturalmente a preocupação não só com a extinção da sua caça, mas também com a fertilidade dos solos.

A sustentabilidade (sem necessariamente usar a palavra) tem sido igualmente um tema natural de estudo para os economistas: afinal, a escassez de recursos é uma preocupação central para a economia. Um exemplo famoso é o trabalho de Thomas Malthus, que publicou a sua teoria sobre a iminente fome em massa (devido à incapacidade das terras agrícolas disponíveis para alimentar uma população em expansão) em 1798. Uma teoria sobre a taxa ótima de exploração de recursos não renováveis que que ainda é relevante hoje foi formulado por Harold Hotelling, um economista americano, em 1931.

Um marco importante e que despertou a atenção das políticas públicas a nível global foi a publicação do relatório “The Limits of Growth” em 1972 pelo Clube de Roma, que previu que muitos recursos naturais cruciais para a nossa sobrevivência seriam esgotados dentro de uma ou duas gerações. Tal diagnóstico e previsão acabou por marcar uma viragem nas preocupações públicas com as questões da sustentabilidade, nas suas diferentes dimensões.

Já em 1987, o relatório da Comissão Mundial das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecido como Relatório Brundtland, em homenagem ao seu presidente, foi como referi inicialmente, bem recebido por mostrar uma saída para preocupação e desgraça iminente. Foi este relatório que adotou o conceito de sustentabilidade e deu-lhe o reconhecimento generalizado de que hoje goza.

A questão que Brundtland e a sua equipa colocaram foi: como podem as aspirações das nações do mundo por uma vida melhor ser conciliadas com os recursos naturais limitados e os perigos da degradação ambiental? A sua resposta foi e continua a ser o desenvolvimento sustentável, nas palavras da Comissão: “desenvolvimento que atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades”.

Assim, as preocupações ambientais são muito importantes, mas o argumento básico é o do bem-estar, visto num contexto de equidade intergeracional. Devemos cuidar do ambiente não apenas pelo seu valor intrínseco, mas para preservar recursos para as futuras gerações.

*Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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