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Artigo de Opinião

7/05/2021 08:02

Quando, em Outubro de 2015, pus um ponto final na minha carreira política, assumi o compromisso, perante mim próprio, de passar a actuar única e exclusivamente na minha condição de cidadão comum. Primeiro, porque era essa a minha nova condição social; segundo porque sempre fui avesso à utilização de expedientes para defender os meus interesses; terceiro, porque quis sentir na pele as dificuldades e discriminações por que passam as pessoas anónimas perante os poderes públicos, sector social e entes privados; e, finalmente, por aquilo que considero ser um dever de cidadania em qualquer país civilizado. Foi esta a atitude que tomei perante tudo o que respeitasse à minha relação com o surto pandémico da COVID 19. Comecei por tentar obter o máximo de informação sobre o vírus e, quando consciente dos riscos dele derivados, passei a seguir religiosamente todas as recomendações e conselhos emanados das autoridades de saúde e os ensinamentos dos cientistas conhecedores da etiologia do novo vírus.

Apanhado pelo início da pandemia quando me encontrava no Continente, em vésperas de regressar à Madeira, optei, a conselho médico, por iniciar lá uma quarentena, meramente preventiva, mas severa, tendo permanecido quatro meses no meu apartamento em Lisboa, sem sair de casa e reduzindo os contactos com terceiros ao mínimo essencial. Quando a situação pandémica se agravou no início de Junho, decidi vir para a Madeira onde convictamente me sentiria menos inseguro e aqui tenho permanecido, num confinamento mais ligeiro, mas sempre dentro das orientações emanadas dos órgãos de governo próprio e, em particular, das autoridades de saúde.

2. Processo de vacinação contra a COVID-19

Informei-me sobre o planeamento elaborado pelo Governo Regional para a administração das vacinas, nomeadamente do grupo em que seria vacinado. Na posse desta informação e de acordo com os esclarecimentos prestados à população, procedi à minha inscrição no respectivo grupo e aguardei que me contactassem para indicação do local, data e hora em que deveria comparecer. Na posse dos dados que me foram transmitidos, no dia 10 de Abril, compareci no Tecnopolo, com alguma antecedência sobre a hora marcada, 10h10minutos, integrei-me na fila de espera, respeitando o uso de máscara e o distanciamento devido, já então acompanhado por uma funcionária que tinha por tarefa receber as pessoas e recomendar-lhes a observância desses procedimentos. A essa ora já se encontrava no interior do Tecnopolo um elevado número de pessoas, num ambiente de grande calma e civismo. Passados alguns minutos, sujeitei-me a uma amável operação de identificação e verificação da regularidade da respectiva inscrição, passando de seguida para uma operação de distribuição dos utentes pelas respectivas tendas de inoculação das vacinas, aí já de posse de um cartão com o número da tenda e o nome da enfermeira que iria administrar a vacina. Passados alguns minutos, já estava a ser inoculado e na posse do documento comprovativo de toma da 1.ª dose da vacina. Uma vez vacinado, fui encaminhado para uma parte do recinto, devidamente sinalizada, onde permaneci comodamente sentado, com o distanciamento devido, durante trinta minutos, como precaução para qualquer eventual sequela da inoculação, sempre monitorizado por pessoal especializado. Concluído o período de recobro, fui encaminhado para a porta de saída, com os devidos cuidados, para que não houvesse qualquer descuido que viesse a comprometer o sucesso da vacinação. É de realçar que em todos os momentos desta operação de vacinação, o utente esteve sempre acompanhado por pessoal idóneo, circunstância que lhe proporciona confiança e até uma certa descontracção; do ponto de vista logístico, burocrático, técnico e humano, a execução e monotorização das tarefas é constante e solícita, evitando qualquer ponta de apreensão ou constrangimento. Em todos os lanços do processo, somos atendidos por profissionais competentes, simpáticos, atenciosos e alegres. Estando em causa um grupo de septuagenários para receberem a vacina, alguns dos utentes precisavam de certo apoio especial, no que eram socorridos por profissionais não só competentes, mas com humanidade, que nalguns casos se traduzia em carinho e ternura, como pude constatar.

3. Epílogo

No dia 10 de Abril, ao viver a alegria de receber a 1.ª dose da vacina, senti-me orgulhoso e feliz, por viver numa terra privilegiada, onde a civilização, a governança, a organização, desde a planificação até à execução, a competência e a dimensão humana permitiram montar uma operação exemplar, em que foi patente o respeito pelos utentes e pela sua dignidade como pessoas e ao que estas corresponderam com uma manifestação ímpar de civismo e cidadania. Lamento que, ao nível do Continente, não tenha sido possível evitar, a propósito da vacinação, várias situações de pura desumanidade, expondo pessoas de provecta idade a filas de espera de várias horas, a céu aberto, ao sol, à chuva, com fome, gerando revolta e justificada incompreensão por parte dos utentes. Não basta apregoar “primeiro estão as pessoas”. O importante é tratá-las como tais.

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