MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

15/04/2024 06:00

Já foi por demais escalpelizado as razões pelas quais os Madeirenses vão a eleições no próximo dia 26 de maio deste ano. Para já não vale a pena entrar por esse caminho outra vez. Mal ou bem, a verdade é que vamos mesmo a mais um escrutínio, este para a Madeira, e cujo resultado será, no seguimento daquilo que se tem verificado a nível nacional, uma incerteza.

A única certeza que temos é que não haverá maiorias absolutas de um partido só. Aliás, se estivermos bem recordados, as duas últimas maiorias deste tipo em Portugal correram muito mal. Entre 2015 e 2019, o último governo de maioria absoluta do PSD na Madeira, o primeiro de Miguel Albuquerque, correu sob o signo da contestação. A maioria absoluta de António Costa e do PS na República foi tão absurda que nem chegou ao seu termo natural. Em quaisquer destes foram muitos os casos, os ministros e secretários substituídos, os problemas judiciais, as greves e protestos, cuja turbulência teve repercussão no ato eleitoral posterior com a retirada dessas mesmas maiorias.

Os portugueses ganharam o gostinho da negociação. Dos governos conjuntos e das responsabilidades partilhadas. Pelo que hoje é inevitável que da campanha já resulte a análise das potenciais alianças e acordos que possam sair dos diversos quadrantes políticos e pelos possíveis resultados que venham a ser alcançados. Mais do que discussão de políticas, releva-se as medidas que devam ou não ser prioritárias para uma negociação que permita apoios parlamentares ou governos em partilha.

Tudo isto muda o espetro político nacional. A Madeira não é exceção. Por muito que não se queira admitir, dificilmente um programa é agora preparado a pensar numa governação solitária, mas antes nos pontos em comum com outras forças políticas mais próximas, de forma a encontrar pontes que permitam eventuais acordos.

Mas isto também cria no eleitor maior responsabilidade. O voto hoje deixou de ser o ato reflexo de colocar o “x” no sítio do costume sem grande apreciação. É a mentalidade de clube de futebol a deixar de fazer sentido na política. A flutuação do sentido de voto também ganha cada vez mais peso já que as novas gerações de eleitores são cada vez mais apartidárias, menos ideológicas e mais de causas. Tudo isto obriga aos partidos tradicionais a rever os seus métodos, posturas e sobretudo a sua comunicação. E colocar a pessoa no centro.

E, verdade seja dita, o cidadão não é difícil de satisfazer. No final do dia, o que ele quer é um governo que não lhe crie problemas. Que resolva os problemas. Que crie condições para que aquele possa viver a sua vida com o máximo de dignidade. E que faça a gestão da coisa comum de forma competente, imparcial e responsável.

Pelo que, responsabilidade é mesmo a palavra-chave. E o que é ser responsável? É assumir obrigações, cumprir compromissos e agir de acordo com as expectativas e valores pessoais, sociais e éticos. É ser capaz de avaliar os riscos e benefícios envolvidos e agir de acordo com nossos valores e princípios e o bem comum, resistindo a impulsos e tentações que possam levar a comportamentos prejudiciais ou irresponsáveis.

Por outras palavras, não prometer o que sabe que não fará, porque não o quer fazer ou porque não o pode fazer. É não dizer só aquilo que vai de encontro à frustração e insatisfação do povo, procurando ganhar assim a sua preferência, promovendo a incoerência e a irresponsabilidade.

Por tudo isto, é obrigação dos partidos políticos de se (re)organizar, (r)estruturar, (re)habilitar, e assim promover programas, ideias e comportamentos sob o signo da responsabilidade política, social e económica. Mas isto não vai lá apenas com palavras. Passa sobretudo pelos atos.

Neste fim-de-semana o CDS na Madeira fechou um ciclo e abriu um novo. Do ciclo que se fecha, a marca mais indelével que a direção do Rui Barreto deixa é a de responsabilidade máxima. O CDS e os seus intervenientes foram, no exercício dos seus cargos públicos, competentes, assertivos, inovadores e compenetrados com o objetivo comum. O reconhecimento dos seus pares é disso sinal. Deixa ainda a marca de ser o único partido na Madeira que foi oposição e governo e a prova de há mais vida e competência para além do PSD.

Este novo ciclo começa com um desafio enorme. Responder a um ato eleitoral num curtíssimo espaço de tempo. Mas ‘vende’ as mesmas características: competência e responsabilidade. Capitaliza nos seus 50 anos de história de luta, capitaliza da experiência governativa que o partido adquiriu nos últimos anos e aproveita as lições aprendidas e os sucessos alcançados para continuar a defender as suas causas de forma responsável, coerente e assertiva.

Propomo-nos assim a uma escolha simples: caberá agora ao eleitor escolher entre bardos de promessas vazias e retórica inflamada ou confiar o seu futuro próximo ao ‘velho’ confiável.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Qual o valor que gastou ou tenciona gastar em prendas este Natal?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas