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Artigo de Opinião

Advogado

15/02/2022 08:00

Qual a solução? Nunca aumentar os salários? A inflação vai sempre existir, perdemos a nossa independência no controlo da inflação, não temos banco central, o que existe é um banco central europeu.

Estamos limitados, porque antes bastava a emissão de mais papel moeda acompanhando os salários para controlar a subida vertiginosa de preços, agora o que nos resta são acordos de concertação social e a desagravamento dos impostos para atacar a subida de preços.

A especulação imobiliária então é um flagelo, toda a gente quer uma casa do Governo, os apartamentos estão pela rua da amargura em termos de preço, qualidade.

Os economistas são de direita e todos estudam a maximização do lucro, ninguém enriquece à custa do seu próprio trabalho, e ideias fantásticas não abundam, nem há capital para investir.

Na Madeira, os ricos estão ligados ao Governo, e a dinheiros públicos, salvo raras excepções.

Não se aposta em outros sectores que não seja o turismo, restauração e serviços (geralmente públicos).

Vivemos numa sociedade, de facilitismo a quem já tem capital, e de dificuldades para o comum dos mortais que tenta sobreviver à custa do seu trabalho.

Representações exclusivas de marcas, domínio privado dos portos, all inclusive nos hotéis, baixa tributação a nível de IRC, salários miseráveis, apartamentos com rendas de balúrdios, e construções públicas sobrevalorizadas ou
desajustadas, é a grande sina da população na Madeira.

O marketing e a propaganda definem a política, todos andam a vender iogurtes, são todos mais ou menos iguais o que muda é o investimento na publicidade.

Posto isto, não direi que a culpa é do PSD e do Alberto João, a culpa é de que nunca houve uma revolução cultural e das ideias na Ilha da Madeira.

Entre o PSD e o PS não há muita diferença, não existe uma linha ideológica precisa, é preciso analisar programa a programa, sendo que o PS é mais de esquerda e o PSD mais de direita, mas a linha é ténue.

A segurança social e o centro de emprego não resolvem os problemas dos mais necessitados, e as Finanças só afundam mais as pessoas e empresários.

O que é necessário então? Não sei porque não sou dono da verdade, mas teria que haver um grupo de trabalho que pensasse a mudança na Ilha da Madeira, e mais solidariedade do Continente em termos da concessão de autonomia, sou daqueles que ainda pensam que a Madeira bem trabalhada desenrascava-se bem quase sozinha.

Um dia aqui critiquei o despesismo da Madeira de Jardim, mas concordo com a intervenção do Estado na Economia, não como simples regulador, mas como interveniente principal, no desenvolvimento da riqueza e qualidade de vida.

Apenas discordei das benesses que foram dadas a algumas famílias, mas esse sistema continua vivo, é o tal polvo que um dia o Luís Calisto falou no seu editorial quando abandonou o DN.

Somos uma ilha com coisas a rasar princípios da máfia, onde não há grande saída do compadrio.

O Princípio da justiça social deverá ser o da redistribuição da riqueza, com uma aposta clara nos sectores da economia mais abandonados.

A política é a arte da oratória e da argumentação, sem interessar o vazio da conclusão, é quase tudo um show off televisivo.

Os cidadãos têm de exigir mais, e deixar de estar conformados com o triste fado que é a nossa sina.

E sim é verdade, que é preciso produzir riqueza para redistribuí-la, e é esta redistribuição que não preocupa nem um pouco os liberais, as assimetrias podem manter-se desde que se produza riqueza. O liberalismo já vem do séc. XVIII ou XIX, e nunca trouxe igualdade entre o povo.

Resta emigrar, a grande resposta Portuguesa ao longo dos séculos.

Post Scriptum

Eça de Queirós em uma Campanha Alegre, Obra publicada em 1890-1891:

"Em Portugal a emigração não é, como em toda a parte, a transbordação de uma população que sobra; mas a fuga de uma população que sofre."

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