Qual a solução? Nunca aumentar os salários? A inflação vai sempre existir, perdemos a nossa independência no controlo da inflação, não temos banco central, o que existe é um banco central europeu.
Estamos limitados, porque antes bastava a emissão de mais papel moeda acompanhando os salários para controlar a subida vertiginosa de preços, agora o que nos resta são acordos de concertação social e a desagravamento dos impostos para atacar a subida de preços.
A especulação imobiliária então é um flagelo, toda a gente quer uma casa do Governo, os apartamentos estão pela rua da amargura em termos de preço, qualidade.
Os economistas são de direita e todos estudam a maximização do lucro, ninguém enriquece à custa do seu próprio trabalho, e ideias fantásticas não abundam, nem há capital para investir.
Na Madeira, os ricos estão ligados ao Governo, e a dinheiros públicos, salvo raras excepções.
Não se aposta em outros sectores que não seja o turismo, restauração e serviços (geralmente públicos).
Vivemos numa sociedade, de facilitismo a quem já tem capital, e de dificuldades para o comum dos mortais que tenta sobreviver à custa do seu trabalho.
Representações exclusivas de marcas, domínio privado dos portos, all inclusive nos hotéis, baixa tributação a nível de IRC, salários miseráveis, apartamentos com rendas de balúrdios, e construções públicas sobrevalorizadas ou
desajustadas, é a grande sina da população na Madeira.
O marketing e a propaganda definem a política, todos andam a vender iogurtes, são todos mais ou menos iguais o que muda é o investimento na publicidade.
Posto isto, não direi que a culpa é do PSD e do Alberto João, a culpa é de que nunca houve uma revolução cultural e das ideias na Ilha da Madeira.
Entre o PSD e o PS não há muita diferença, não existe uma linha ideológica precisa, é preciso analisar programa a programa, sendo que o PS é mais de esquerda e o PSD mais de direita, mas a linha é ténue.
A segurança social e o centro de emprego não resolvem os problemas dos mais necessitados, e as Finanças só afundam mais as pessoas e empresários.
O que é necessário então? Não sei porque não sou dono da verdade, mas teria que haver um grupo de trabalho que pensasse a mudança na Ilha da Madeira, e mais solidariedade do Continente em termos da concessão de autonomia, sou daqueles que ainda pensam que a Madeira bem trabalhada desenrascava-se bem quase sozinha.
Um dia aqui critiquei o despesismo da Madeira de Jardim, mas concordo com a intervenção do Estado na Economia, não como simples regulador, mas como interveniente principal, no desenvolvimento da riqueza e qualidade de vida.
Apenas discordei das benesses que foram dadas a algumas famílias, mas esse sistema continua vivo, é o tal polvo que um dia o Luís Calisto falou no seu editorial quando abandonou o DN.
Somos uma ilha com coisas a rasar princípios da máfia, onde não há grande saída do compadrio.
O Princípio da justiça social deverá ser o da redistribuição da riqueza, com uma aposta clara nos sectores da economia mais abandonados.
A política é a arte da oratória e da argumentação, sem interessar o vazio da conclusão, é quase tudo um show off televisivo.
Os cidadãos têm de exigir mais, e deixar de estar conformados com o triste fado que é a nossa sina.
E sim é verdade, que é preciso produzir riqueza para redistribuí-la, e é esta redistribuição que não preocupa nem um pouco os liberais, as assimetrias podem manter-se desde que se produza riqueza. O liberalismo já vem do séc. XVIII ou XIX, e nunca trouxe igualdade entre o povo.
Resta emigrar, a grande resposta Portuguesa ao longo dos séculos.
Post Scriptum
Eça de Queirós em uma Campanha Alegre, Obra publicada em 1890-1891:
"Em Portugal a emigração não é, como em toda a parte, a transbordação de uma população que sobra; mas a fuga de uma população que sofre."