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Artigo de Opinião

Diretora Regional para as Políticas Públicas Integradas e Longevidade

26/03/2024 08:00

A Madeira adianta-se no debate sobre a solidão não desejada e o seu impacto na Saúde.

A Associação Portuguesa de Engenharia e Gestão da Saúde (APEGSAUDE), mediante a sua iniciativa Global Thinking for Health, em parceria com Centro Cultural e de Investigação do Funchal, realizou um seminário, no dia 19 de março, dedicado ao tema: a Solidão pode Matar, colocando o debate em torno de questões como: será a “SOLIDÃO” a pandemia silenciosa do sec. XXI?

A Direção Regional para as Políticas Públicas Integradas e Longevidade (DRPPIL) acedeu à convocação da APEGSAUDE, e entrosou-se no debate, com o compromisso público que a questão exige.

A preocupação com a solidão tem vindo a ganhar escala internacional, ao ponto de, em novembro 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar uma nova Comissão Internacional para a Conexão Social, com o objetivo de abordar a solidão como uma ameaça premente para a saúde, promover a conexão social como uma prioridade e acelerar a expansão de soluções em todos os países.

A Comissão prima pela composição multiestatal e pela participação ao mais alto nível ministerial, destacando-se a presença de Ayuko Kato, ministra responsável pelas medidas contra a solidão e o isolamento no Japão, vincando, desta forma, que a solidão está a ser encarada, pelas instituições internacionais como uma ameaça premente para a saúde global, exigindo uma abordagem integrada de saúde pública, a exemplo do que acontece com outros fatores de risco para a saúde, como a obesidade, tabagismo, inatividade física ou consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

O reconhecimento da solidão não desejada como um problema de saúde pública, com potencial epidémico, conforme evidencia o relatório: “Our Epidemic of Loneliness and Isolation: The U.S. Surgeon General’s Advisory on the Healing Effects of Social Connection and Community, Office of the Surgeon General (OSG).Washington (DC): US Department of Health and Human Services; 2023, determina que se conheça a carga da doença ou do impacto no individuo, a extensão de incapacidade, dor e desconforto, o custo do tratamento, o impacto na família do indivíduo e o impacto na sociedade, nomeadamente, mortalidade, morbidade e custos do tratamento.

Os riscos para a saúde, com impacto ao nível individual, relacionados com a solidão, equiparam a sua gravidade, relativamente à mortalidade precoce, ao risco associado a fumar até 15 cigarros por dia. Uma síntese dos dados de 16 estudos longitudinais, independentes demonstra que o isolamento social e a solidão não desejada, estão associados a um aumento de 29% do risco de doença cardíaca e a um aumento de 32% do risco de Acidente Vascular Cerebral. Outros achados de evidência científica relacionam a solidão crónica e o isolamento social com o desenvolvimento de demência, em cerca de 50% dos adultos mais velhos.

A problemática da solidão não desejada transcende barreiras geográficas e etárias, afetando globalmente um quarto dos idosos e entre 5 a 15% dos jovens.

Abordar esta questão requer uma estratégia integrada que coloque a conexão social no cerne das políticas públicas destinadas a promover uma vida longa e saudável.

Uma abordagem eficaz para combater a solidão não desejada deve basear-se no fortalecimento das estruturas sociais locais, liderança interdepartamental que fomente a conexão social em todos os níveis governamentais, envolvimento do setor de saúde na capacitação dos profissionais e na estruturação das respostas dedicadas aos problemas do envelhecimento, aperfeiçoamento dos ambientes digitais que sejam promotores das conexões sociais e o desenvolvimento de uma agenda de conhecimento e investigação que alicercem as iniciativas promotoras da conexão social.

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