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Artigo de Opinião

26/04/2024 08:00

Começo por dedicar algumas palavras para refletir sobre o significado pessoal que o dia 25 de abril de 1974 tem para mim.

Na verdade, era ainda criança quando o 25 de abril se deu em Portugal e com o evoluir da minha idade, tomei consciência que esta data foi um dia que marcou profundamente a história de Portugal e teve um impacto significativo na minha vida profissional, já que enveredei também pela vertente sindicalista, pois esta efeméride é um símbolo de libertação, esperança e renovação.

Embora não me lembra muito bem desta época, a verdade é que foi o dia em que Portugal se libertou de um regime autoritário e abriu caminho para a democracia e liberdade.

Além disso, o 25 de abril de 1974 inspira-me a valorizar e defender os direitos humanos, a justiça social e a igualdade. É uma lembrança poderosa de que a liberdade não deve ser tomada como garantida, mas sim cultivada e protegida com dedicação e vigilância.

No entanto, para a ASPP/PSP, essa data carrega um significado ainda mais profundo e complexo.

Para a ASPP/PSP, assim como muitos outros setores da sociedade portuguesa, foram profundamente impactados pela Revolução dos Cravos.

A ASPP/PSP, relembra que antes do 25 de abril, as forças de segurança estavam frequentemente envolvidas em tarefas que refletiam a opressão do regime ditatorial, muitas vezes usadas como instrumentos de repressão contra a dissidência política e social. Por exemplo, a relação da PSP com a população era muitas vezes marcada por desconfiança e antagonismo, reflexo de um sistema que privilegiava o controle sobre a liberdade.

No entanto, confesso que o 25 de abril de 1974 trouxe para a ASPP/PSP e para os seus associados uma mudança radical nesse paradigma. Com a chegada da democracia, o sindicato mais representativo da PSP e das polícias no seu geral fomos confrontados com o desafio de se adaptarem a uma nova realidade, uma em que o respeito pelos direitos humanos, a proteção da liberdade individual e a responsabilidade perante a comunidade se tornaram valores fundamentais, daí ter acontecido o episódio dos Secos e Molhados em 1989, reflexo do 25 de abril de 1974, como sendo a maior viragem ocorrida nas policias em Portugal.

No fundo, para o sindicato da ASPP/PSP, o 25 de abril representou não apenas o fim de uma era de repressão, mas também o início de uma jornada rumo à construção de uma polícia verdadeiramente democrática e comprometida com o bem-estar da sociedade. Esse processo foi, e continua sendo, marcado por desafios e dilemas complexos.

Como dirigente da ASPP, considero que os sindicatos das polícias têm desempenhado um papel crucial na defesa dos interesses dos seus membros, ao mesmo tempo em que trabalham em estreita colaboração com as instituições democráticas para promover uma cultura de transparência, prestação de contas e respeito pelos direitos humanos. Nós sindicalistas temos sido defensores ativos da formação contínua e da educação em direitos humanos para os agentes policiais, reconhecendo que o exercício responsável do poder requer um profundo compromisso com os princípios éticos e democráticos.

Contudo, alguém, detentor da sabedoria trazida pela idade, disse “no melhor pano cai a nódoa”. Não pode haver melhor comparação a que o provérbio popular, porque o 25 de abril de 1974 foi muito mais do que uma simples mudança de regime político. Foi um despertar coletivo para os princípios da liberdade de expressão, igualdade de direitos e responsabilidade governamental perante o povo. No entanto, à medida que o tempo avança, parece que estamos nos afastando desses ideais. Um dos pilares da democracia é a liberdade de expressão, que está sob crescente pressão em muitas partes do mundo, Portugal incluído. Vemos uma erosão gradual da liberdade de imprensa, com tentativas de censura e intimidação de jornalistas que buscam relatar a verdade. A disseminação de desinformação e fake news também mina a confiança no jornalismo sério e comprometido com a verdade.

No entanto, é inegável que os valores fundamentais que inspiraram essa revolução estão agora sob crescente ameaça, e a própria democracia que tanto lutamos para conquistar está em perigo.

Portanto, neste dia significativo, a ASPP/PSP compromete-se a honrar o legado do 25 de abril de 1974, trabalhando para promover uma sociedade policial mais justa, inclusiva e democrática com esperança no futuro e gratidão pelo passado.

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