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Artigo de Opinião

Médico-Dentista

5/02/2023 05:36

Comecei pelo mais importante dos menos importantes. No desporto, chorava-se a partida do Enzo para Inglaterra. Tinha chegado a hora daquele menino, nascido e criado no Seixal, partir. Foram uns seis longos meses de ligação a um clube que o formou como jogador, mas sobretudo como homem. Em contrapartida, 121 milhões para o Benfica, dizia-se à boca cheia. Tirados os dentes (serviços de mediação), a língua (mecanismo de solidariedade), e bochecha (percentagem devida ao clube anterior) sobraram aproximadamente 81,6 milhões. Nada mau. Parece-me uma óptima operação, apesar do Rui Costa ter ficado agastado com a vontade demonstrada, pelo agora argentino mais caro de todos os tempos, em sair. É verdade, o mesmo que, em tempos, disse não merecer que o Benfica lhe cortasse as pernas quando soube do possível interesse do Barcelona, não queria agora que o rapaz fosse embora ganhar 6 vezes mais! Coerente, não? Adiante…

Nova notícia sobre desporto. "Ricardo Carvalho é hipótese para a equipa técnica da seleção". Abri. Pensei que fosse para o Boccia. Mas não. Era mesmo para o futebol! E eu tinha ideia que o senhor em causa tinha estado envolvido em alguma polémica, mas como a minha cabeça, e vocês facilmente se apercebem, já teve muito melhores dias, fui procurar saber se estaria a fazer confusão com outro Carvalho. "Ricardo Carvalho abandonou estágio da selecção porque percebeu que não iria ser titular". Bingo. Bem me parecia… Já agora, porque não levam o Sá Pinto para preparador físico? O Rafa para diretor desportivo? O Kenedy para responsável pela suplementação? Sei lá. Acho é que está na altura de começar a pensar apoiar a seleção da Arábia Saudita! Temos lá o nosso Pelé. E eu aproveito e faço jus à minha pinta de Maomé.

Do nada, apareceu-me uma outra notícia. De um desporto já diferente. Corrida ao bolso 100 barreiras. Modalidade muito em voga. Com cada vez mais praticantes. Um Fenómeno. Enfim. Atentem. CEO do Santander: "Não pode ser ‘bar aberto’ nos créditos". Isto como resposta à Deco que afirmava que os bancos estavam a "dificultar a renegociação dos créditos à habitação". De facto, estou de acordo com Pedro Castro e Almeida (só o nome com o "e" já mete respeito). Essa história dos Vieiras, dos Berardos, dos Salgados e demais iluminados tem de acabar. Fecha-se a torneira e pronto. Mas e aos outros? Aos que se vêem apertados para pagar as prestações ao banco por causa da inflação das taxas de juro? Aos que, ao invés dos anteriores exemplos que só causam buracos, contribuem para que os bancos tenham lucros recorde? Hum?! Pois é…. Vai acabar como sempre. A pagar o justo pelo incumpridor…

Estuporado, desliguei o telefone e a televisão. Não queria saber de mais nada. Já tinha a noite estragada. Este sentimento de ter gente errada no sítio certo, dá-me a volta à tripa! Levantei-me e fui à casa de banho. Sentei-me. Fiz o que tinha a fazer. Mas ao levantar-me e olhar para trás, tive uma ideia!

Vou mudar-me para as ilhas Selvagens, pensei eu. Não sei se pela orografia dos meus arquipélagos ser idêntica à das ilhas Selvagem Grande, Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora ou se por me ter lembrado que um Vigilante da Natureza Especialista tinha sido homenageado, por estes dias, pelos serviços prestados aos longo dos anos na vigilância dessas ilhas. Entre algumas peripécias contou que chegou a vir de boleia de uma traineira para o seu próprio casamento e que tinha ficado retido, uma vez, por 77 dias. Sortudo! E ainda recebia…

Comecei logo a imaginar a vida que teria por lá se tivesse a mesma sorte. Inicialmente abriria uma clínica e ficaria à espera que aparecessem pacientes. Cagarras, porventura! Um sossego. Isto até o Reicardo Miranda decidir montar uma Remax Ilhit na outra ponta da ilha. Começando, de lá para cá, a vender lotes, era uma vez…. Acabava-se o sossego. Começava então o derramamento de betão (xô Sérgio Marques). Moradias de milhões de bitcoins de um lado. Blocos de apartamentos do século XXII do outro. Depois de ter meia ilha a falar russo, venezuelano, brasileiro, inglês e alemão, abríamos a loja do cidadão estrangeiro. De repente, dávamos por nós e já tínhamos imóveis em alojamento local! Mil euros por noite, com direito a osgas mexidas no pequeno almoço. Lançados no entusiasmo, e já com o galardão de melhor destino ilhéu selvagem - vertente reserva natural - no papo, erguíamos um Selvoy Palace de 38 andares. Para os doentes construir-se-ia um hospital privado central e universitário com tecnologia de ponta de fazer inveja. Com a economia viva, o banco SantoAndor, que fechou alguns balcões na Madeira, abria um na ilha vizinha. Na outra ainda, instalava-se um Super-Hiper-Mega mercado Sá Roque e um Bazar do Povo chinês. Já a ligação inter-ilhas, essa era integralmente suportada pela Junta de Freguesia da Sé, através dos navios de cruzeiro, tipo botes de borracha, da empresa Selvagens&Sousas Line. Isto nos meses pares. Nos ímpares, aquando da manutenção dos barcos, a ligação seria feita, por meio aéreo, pela MaMadjet do grupo AFA (outra vez, Sérgio? Assim não dá para continuar…. Peço desculpa). Bom domingo.

Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas

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