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África do Sul: Três décadas de liberdade

Para milhares de sul-africanos e outros residentes da nação arco-íris onde está inserida a vasta comunidade madeirense que fez da África do Sul a sua segunda Pátria, há trinta anos, no dia de hoje, apesar das sérias e compreensíveis preocupações que a transtornaram, rejubilava por poder constatar que o país de acolhimento realizava as primeiras eleições livres com rumo à incoação da democracia.

Hoje, três décadas passadas, vividas de altos e baixos, de desafios e sucessos a grande realidade para o povo sul-africano e demais residentes no país, essa alegria real e contagiante vivida a 27 de abril de 1994 , não foi a mesma que hoje se manifestou.

Não, não foi, lamentavelmente. A sociedade sul africana tem plena noção de que comemorar o passado é algo necessário para melhor entender o presente e visionar o futuro, no Dia da Liberdade.

A grande e muito sofrida maioria do povo sul africano, hoje, sente uma grande desilusão e desalento por não poder celebrar a sua liberdade plena, conquistada, com muitos sacrifícios e de sangue vertido, porque as elites políticas do seu país acumularam riquezas obscenas à custa de uma maioria oprimida que se vê votada de forma criminosa ao abandono e à pobreza perpétua.

Os sul-africanos reencontram-se e partilham uma compreensão comum da sua história, sentindo na carne e no sangue os efeitos das desigualdades sócio-económicas extremas que se alastraram até o presente, e nesse aspeto, flertando com situações e perigos inimagináveis muito se ficando a dever à arrogância, incompetência, corrupção sistémica, desemprego, pobreza abjeta, falta de segurança, criminalidade violenta, agravada com constantes e inaceitáveis apagões múltiplos diários que agravam, perigosamente, a segurança já muito precária e originando o encerramento de centenas de fábricas atirando para o desemprego milhares de trabalhadores.

O aumento, constantemente, das percepções da impunidade, aliadas ao sistema político, mais precisamente ao partido governamental, deixam as massas em estado de descrença nos seus líderes e no sistema de justiça .

Era expetável que um país como a África do Sul que há trinta anos se libertou das garras do imoral regime do “apartheid”, herdou um país funcional detentor da melhor economia africana, se tenha degradado ao ponto em que hoje se encontra.

Para o povo sul-africano, são razões sobejas estas, para celebrar com a indiferença evidenciada, hoje, três décadas após o derrube do “apartheid”, que são razões também para um momento de pausa e reflexão. necessários

No próximo dia 29 de maio realizam-se as sétimas eleições gerais desde o fim o “apartheid” em 1994, e de acordo com a Comissão Independente Eleitoral (sigla em inglês IEC), estão recenseados 27.698.201 eleitores que vão às urnas para eleger nova Assembleia Nacional podendo votar livre e democraticamente numas eleições que são com certeza as mais imprevisíveis do período pós-apartheid onde é esperada uma mudança significativa no espetro político, cujas sondagens a todos os níveis deixam antever que o partido governamental, o ANC, poderá perder, pela primeira vez, a sua maioria parlamentar, um partido que se fragmentou e continua a ser afetado por segmentações internas, onde não será de excluir interferência russa nas eleições, um país que se tem mantido de forma ativa na veiculação de desinformação neste país com o intuito de fomentar a polarização e a desilusão para com a democracia o que preocupa alguns sul africamos e não só.

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