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Artigo de Opinião

Diretor

11/05/2024 08:05

Tem mais de uma década, mas poucos esqueceram um dos slogans mais simplistas e eficazes da campanha eleitoral que, em 2010, elegeu deputado federal do Brasil o cantor e palhaço Tiririca. “Vote Tiririca, pior que tá não fica”, apelava o humorista feito político. E, para muitos, pior do que estava ficou.

Por cá, por estes dias, esse slogan bem podia ser empregue com alguma eficácia e dose de verdade.

Nesta altura, depois de meses e meses de estagnação política e social, depois de sucessivas campanhas eleitorais, depois de mudanças interrompidas bruscamente, depois de uma longa crise política, persiste a ideia de que tudo acontece de forma muito lenta. Tão lenta que parece mesmo parada.

Resta a esperança de que as eleições regionais, que se realizam daqui a duas semanas, possam acabar com a apatia em que mergulhámos há largos meses e que a Madeira tenha governo capaz de recuperar o tempo perdido.

Não se adivinham resultados, nem se conhecem sondagens públicas a esta distância. Mas esperam os madeirenses, como o Tiririca, que pior do que está não fica.

Seja um governo de maioria absoluta, seja um governo minoritário, seja com acordos de incidência parlamentar, coligação pós-eleitoral, ou mesmo através de entendimentos caso a caso, o importante é que a Madeira deixe este tempo pantanoso que nos puxa para baixo a cada mês que passa.

O cidadão mais distraído até pode não sentir essa travagem a fundo, mas os mais atentos já perceberam que navegamos em remoinho desde meados do ano passado. Que ficamos presos numa agenda que não permite mais por falta de orçamento, por prazos legais, pela crise política e por sucessivas eleições e campanhas. E andamos nisto há mais de um ano!

Na verdade, este tempo tem tanto de legal como de perverso. Se é certo que há fortes limites à ação governativa, não é menos verdadeiro que esta aparente tranquilidade dá muito jeito a quem pouco ou nada quer fazer. Sobretudo ao nível dos cargos intermédios, dos que vivem protegidos pela sombra. Para esses, a falta de orçamento, sendo efetivamente um grande obstáculo, constitui a desculpa perfeita.

Entretanto, ao contrário do que proclamava o poeta, o homem até sonha, só que o nosso pequeno mundo não pula nem avança.

Que o digam as empresas. As grandes, as médias e as microempresas sentem claramente esta indefinição que causa forte ansiedade a praticamente todo o setor e não se sabe até quando vai durar.

Que o digam algumas entidades públicas. Tome-se o caso, já velho, das casas de saúde que reclamaram, esta semana, a atualização das diárias para acolher utentes a um valor inferior ao que se paga no continente.

Que o digam parceiros sociais. Instituições que passam nesta altura por dificuldades de tesouraria a quem as autoridades regionais vão repetindo a ideia, gasta, de que não há orçamento.

Que o digam as Câmaras e as Juntas de Freguesia. O Poder Local sente claramente esta incerteza que faz atrasar projetos e adiar promessas para não se sabe quando.

Que o digam coletividades desportivas e outras entidades que esperam a concretização de projetos apalavrados, prometidos, quase oficializados. Mas que estão parados.

Acresce a tudo isso a indefinição política que paira no ar e temos o caldo entornado.

Voltemos ao início e apetece citar esse ‘pensador’ brasileiro de nome Tiririca para concluirmos que venham as eleições que “pior que tá não fica”.

Apetece, mas talvez seja prudente não pensarmos assim. Talvez o melhor seja dar tempo ao tempo e aguentar mais duas semanas para se concluir seja o que for. Desde que não seja a frustração de perceber que, afinal, não tem razão Tiririca. E a Região ainda pior fica.

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