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Artigo de Opinião

Considerei três planos: o ético, pois a opção religiosa resulta da Fé, da Razão e da Ética; o da Igreja propriamente dita; e o político-social.

Comecemos pelos padrões mais ligados à Ética. Reparando sempre, aqui, no apelo à Alegria, tal como Papas recentes.

Na Universidade Católica, visita de significado bem claro, a exigência de Qualidade - "ser Mestre". Bem como a indeclinável obrigação de a Mulher ser dignificada através da Igualdade de Direitos e de Deveres.

Mais. Um apelo ao irrequietismo. Não temer os caos com que nos defrontamos, antes ganhar a força de controlá-los e tornar a Harmonia possível. Acrescentando a vida ter de ser uma interrogação permanente, das dúvidas crescer a Fé, a decisão, a Inovação.

Clara denúncia, pelo Papa, da socialite que vive de imagens, das "selfies", da ditadura do virtual, um culto doentio do narcisismo, um vazio pessoal, irresponsável ante a vida.

Foi importante a clarificação de Caridade. Que só é Solidariedade quando permanecemos juntos, atentos, a Quem ajudado, não O abandonando após um gesto isolado. Só há solidariedade quando não se fica hipocritamente por aqui, mas tudo se faz para pôr termo à dependência em que a pobreza se traduz, promovendo Desenvolvimento, Empregos, Produtividade, Salários.

E uma imagem fantástica: "Quem cai, precisa de se levantar. No subir, não importa cair. O que importa é não permanecer caído. Levantar quem caiu. Só é lícito olhar alguém de cima para baixo, quando para ajudá-lo a se levantar".

Depois o Papa Francisco culmina, na Sua bonomia até referindo o futebol: "A vida é aprender. Caminhar sempre. E o Caminho treina-se".

E face à "cultura" actual de descartar os Idosos, Francisco agradece aos nossos Antecessores por nos terem educado Cristãos.

Não resisto contar que, dentro do Partido a que pertenço, um dos que não me gramava, referia-me por "o velho", dizendo que eu estava há demasiado tempo. Já saí há mais de 8 anos. Porém, há decénios que ele se eterniza nas "listas", diz-se que com "muita importância"!...

Foi só um intervalo de humor. Voltemos a coisas mais sérias.

Francisco fez "tratamento de choque" à Igreja Católica de Portugal, mas tenho a convicção de que Esta entendeu e está preparada para corresponder.

Condenou a resignação na Igreja. Condenou os Consagrados e Leigos vivendo como "funcionários de Deus". Condenou as "alfândegas" que, nalgumas Dioceses, discriminam até nos próprios meios católicos, o que ampara a mediocridade, pactua com narcisismos ridículos de promoção pessoal e preferem a comodidade dos "obedientes".

De facto, é ponto primeiro na Envagelização do Papa Francisco não contemporizar com discriminações: "TODOS, TODOS, TODOS SOMOS CHAMADOS, TAL COMO CADA UM É. Todos somos um NOME e não um número. NINGUÉM É EXCLUÍDO".

Mas não nos deixemos cair na fraqueza da ingenuidade, porque o Papa demonstrou não o ser, quando reconheceu a Igreja ter adversários e haver normas a cumprir, se bem que algumas a actualizar.

Lindíssima a Catequese que fez na Via Sacra: "A Cruz é um abraço de Deus, onde Jesus espera a nossa companhia e acolhe o nosso sofrimento e a NOSSA SOLIDÃO". Por isso. "NÃO TER MEDO DE CORRER O RISCO DE AMAR".

Em Lisboa, o Papa não se limitou ao Ecumenismo das Igrejas cristãs. Reconhecendo a multireligiosidade, fez uma reunião marcante com os Líderes em Portugal das Religiões com mais Fiéis em todo o mundo.

Como significante a Humildade do Santo Padre ao pedir pessoalmente perdão, em nome da Igreja, a Vítimas de abusos sexuais. Lamentavelmente ainda se detetou, algures, uma distorção, a tentar resumir a visita do Papa a este assunto, com exibicionismos tolos pelo meio.

Desafio final, em matéria de Igreja: Caminhar. O futuro nas mãos do que os Jovens decidam fazer, "EM FRENTE E SEM MEDO!". Quem corre, corre ao Serviço dos Outros". Para na conferência de imprensa, no avião em que regressava a Roma, chamar à atenção para as Homilias não serem mais do que 10 minutos. Claro que está ciente dos muitos que se afastaram, não só por causa de "homilias" (?) de mais de meia hora, como até do acrescer de 2 ou 3 intervenções durante a mesma Missa!...

E ainda para considerar pela Igreja: "Levanta-te e segue-me. Quem ama, voa, corre com Alegria. A ALEGRIA É MISSIONÁRIA, leva alguma coisa e tem Raízes. O amor de Jesus é a única coisa gratuita. Para a frente, sem medo!".

Todos os dias referindo o Culto Mariano, em Fátima o Papa insistiu na OBRIGAÇÃO da INCLUSÃO de TODOS, sobretudo dos que padecem de problemas físicos ou psíquicos, tendo uma vida mais dificultada.

E que ficou para a vida em comunidade político-social? Quando, ultimamente, vários "funcionários de Deus" parecem esconder a cada vez mais actual Doutrina Social da Igreja Católica?...

Francisco criticou os que consideram "aborrecido" Inovar. Mais. Desafiou a "voltar a lançar as redes" e avançar para "mar alto". Objectivo: enfrentar os problemas que contrariam a Dignidade da Pessoa Humana, inclusive condenação da eutanásia assumida pela República Portuguesa; defender a Ecologia do planeta Terra; amparar as Migrações; rejeitar a manutenção da pobreza e da precariedade que alimenta dependências políticas.

O Papa, no Centro Cultural de Belém, deu um exemplo de multiculturalismo político, citando desde Saramago e Sofia Melo Breyner, ao nacionalismo de Fernando Pessoa, passado pela erudição do Padre António Vieira e por outros Santos da Expansão Portuguesa.

E como não é ingénuo, não se coibiu de pedir desconfiança para com as "propostas fáceis que anestesiam" e para os "lobos vestidos de cordeiro". (Bem a propósito deste tempo político madeirense).

Lembrou a Ucrânia, rezou pelo "sonho da Paz" e insistiu nas responsabilidades de uma Europa a ter de ser sempre mais aperfeiçoada.

Termino com 4 destaques:

1. Planeamento, Organização e Concretização excelentes, que os Portugueses devem agradecer a todos os Intervenientes religiosos, políticos, civis, Forças de Segurança, Pessoal de Saúde e de Protecção Civil, sem desprimores realçando os VOLUNTÁRIOS.

2. A estética deslumbrante de todas as Coreografias, resultantes da Criatividade excepcional dos Responsáveis pelas várias Artes que as fizeram.

3. A boa actuação e articulação entre todos os Políticos responsáveis pela JMJ, sem interferências de menoridade partidocrática.

4. Os Jovens Madeirenses que desfraldaram a nossa Bandeira, numa legítima, corajosa e louvável afirmação de Identidade.

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