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Artigo de Opinião

Deputado

20/03/2021 08:00

Um projeto inconcebível que recebeu um cartão vermelho por parte da UNESCO, rejeitando as justificações dadas para a pavimentação. Além de considerar que a necessidade de pavimentar não foi demonstrada, esta organização alerta ainda para a potencialidade de uma maior proliferação de invasoras e um aumento do risco de incêndios florestais (tal como temos vindo a alertar).

De uma forma incompreensível e até vergonhosa, assistimos a Governantes a se insurgirem contra a posição da UNESCO e contra os participantes na consulta pública ao Estudo de Impacte Ambiental do projeto, criticando cidadãos e ONG's, apelidando-os de "senhores de Lisboa", num notório tom de "metam-se na vossa vida!".

Curiosamente, este "bairrismo" é particularmente seletivo, "esquecendo" a empresa do continente contratada para este estudo ("estranhamente" constituída 4 meses antes da adjudicação). Diga-se, em abono da verdade, que as conclusões do estudo eram já expectáveis ainda antes da sua adjudicação. Não tivesse Miguel Albuquerque estragado a surpresa (que nem Spoiler Político), referindo antes da sua publicação, que iria avançar com a estrada "quer queiram quer não". Ninguém o impediria... Nem mesmo um Estudo de Impacto Ambiental!

E eis que surge o Estudo que responde às pretensões (e ao ego) do Presidente: Um relatório muito incompleto, com uma aberrante falta de rigor técnico-científico, incapaz de identificar corretamente as espécies presentes na zona, ignorando mais de 500 endemismos da Laurissilva, e chegando ao cúmulo de considerar o abate de mais de 40 hectares de árvores nativas (o equivalente a 40 estádios de futebol).

Perante a forte mobilização de centenas de interessados que, tal como nós, não baixam os braços e estão prontos para levar esta situação até às últimas consequências, o Governo demonstra o seu notório incómodo e tenta fazer o que melhor sabe - atirar areia para os olhos. E fá-lo utilizando a ferramenta do costume: os fiéis subordinados que, com obediência cega e ambições políticas desmesuradas, atacam tudo e todos de forma maldosa e manipulada, para júbilo, gáudio e regozijo dos seus Senhores.

Infelizmente, esse ataque nunca se concretiza num confronto de ideias e de profícua discussão, chegando os mesmos egos a se recusarem a comparecer em debates televisivos, como se verificou há uns dias, onde nenhum representante do Governo se dignou a debater com especialistas de forma a esclarecer o seu ponto de vista ou a desmascarar as suas reais intenções para a zona das Ginjas.

Para estes decisores, é mais fácil debitar informações imprecisas e incorretas para as redes sociais e para a comunicação social, do que esclarecer a população em debates da especialidade.

De facto, é difícil explicar que numa altura de pandemia, a prioridade passe por gastar 12 milhões de euros para destruir parte do Património da Humanidade, ao invés de direcionar essa verba para a Saúde, para o apoio às empresas ou para combater o flagelo do desemprego que atinge mais de 20 mil madeirenses.

Cada vez mais, a postura deste Governo lembra a história do folclore japonês que faz referência a três macacos sábios: mizaru (o que cobre os olhos), kikazaru (o que tapa os ouvidos) e iwazaru (o que tapa a boca). Tal como no provérbio nipónico, estes decisores continuam, na sua "seletiva cegueira", avessos à opinião contrária e hostis ao esclarecimento, indignando-se por tudo, mas respondendo a muito pouco.

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