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Artigo de Opinião

Directora Business Development

21/06/2021 08:00

Somos um país de brandos costumes, temos o brilho do sol ao longo do ano, gostamos de uma mesa farta das nossas iguarias, somos muito família, mesmo com dissabores à mistura, sentimos o sangue que nos une e não abrimos mão dessa união. Precisamos de pouco para sermos felizes, na nossa forma de sentir, muito portuguesa. Mas quando decidimos partir, deixamos para trás, o que mais nos acalenta o coração e mergulhamos numa cultura nova, com uma língua que muitas vezes nem falamos, mas que dada a determinação, iremos aprender. Num país de chuva, neve ou tempo nublado, vamos em busca das oportunidades que não encontramos no nosso país. Aprendemos novas técnicas, absorvemos novas formas de trabalhar com maior eficiência e eficácia e continuadamente acrescentamos valor à comunidade que nos acolheu.

Com o passar dos anos, o emigrante português que chegou à terra prometida, já não é o mesmo que deixou Portugal. Ao longo do tempo foi acumulando conhecimento, tornou-se sofisticado, amealhou o que nunca pensou conseguir, trabalhou em várias áreas de actividade, trepou a hierarquia das empresas por onde passou, chegando a ocupar cargos de relevo, criou uma rede de contactos, cresceu intelectualmente, mesmo que para isso não se tenha sentado num banco de escola. Com o passar dos anos o emigrante português sente que envelheceu, mas continua a sentir o mesmo calor pela sua terra e pelas suas gentes em Portugal.

A globalização e a fácil movimentação entre países, veio criar a liberdade a quem sonha mais longe, quer em termos de educação, quer em termos laborais. Contudo a grande maioria das ondas migratórias em Portugal continua a ter por base a falta de condições que o país apresenta, para acomodar as necessidades de emprego e melhores condições de vida aos portugueses. Portugal é um país pobre, que num passado ainda muito recente, vivem a obscuridade da ditadura. Os últimos 40 anos têm sido vividos numa constante crise económica, gerido pontualmente por fracos políticos que numa constante forma de delapidar os magros cofres portugueses, fragilizam ainda mais a economia portuguesa e os portugueses. Culpo uma vez mais os portugueses, pela fraca escolha nas urnas, pela falta de interesse pela vida política, quando são os políticos eleitos por nós que comandam as nossa vidas.

O governo português numa forma alegórica de lidar com a emigração, envia repetidamente membros do seu executivo, a participarem nas celebrações que têm lugar nas comunidades portuguesas pelo mundo. Fazem penosos discursos, num dia de festa, tomam parte em mesas fartas, dançam em rodas numa mistura de campanha política e descaso, e voltam a Portugal sem saberem exactamente que dançaram com a senhora Maria que faz limpezas há 30 anos e que tem mais dinheiro poupado e vontade de ajudar Portugal, que o próprio politico. Voltam a Portugal sem saber que na mesa estavam portugueses reformados, que tencionam voltar a Portugal e desenvolver projectos arrojados, com investimento directo em novas práticas que, entretanto, aprenderam ao longo da sua vida no estrangeiro. Voltam a Portugal sem saberem nada do poder que a emigração portuguesa tem em mudar Portugal para melhor. É tempo de mudar esta trajectória, para bem dos portugueses, para bem de Portugal.

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