MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

16/01/2021 08:00

Um fim esperado. Ansiado. Um fim aguardado com a esperança de quem espera que o pulo de um ponteiro de relógio modifique a rota do tempo. Quinze dias de um outro ano. Outro. Mas será de um tempo outro? Será que o futuro vai regressar ao tempo do abraço. Do beijo? Das confraternizações. Das comemorações? Será que o pulo de um ponteiro dos relógios tem o poder, consegue, mudar o rumo da vida? Os rumos do mundo? Há quem acredite. Há quem julgue. Há quem faça força para que isso se torne realidade. Mas, há sempre aquele mas teimoso que teima em dizer não. Um pequeno salto no quadrante de um relógio não comanda o tempo. Apenas o marca. A vida não se rege de vontades e quereres. Há quem diga que a vida, a nossa, a de todos, já está escrita. Inscrita no caderno do destino e nada se pode fazer para mudar o destino. Será? Será que o destino se escreve a si mesmo ou cada um de nós tem nas mãos um destino que pode ser alterado? Será que está nas mãos de cada um de nós, de todos nós, a capacidade de contrariar o destino? Os destinos? "Há pessoas que estão sempre atribuindo às circunstâncias aquilo que são. Não acredito nas circunstâncias. As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, se não as encontram, as criam.", disse o escritor George Bernard Shaw.

Mas… cá está o tal mas teimoso… Fernando Pessoa, por outro lado, escreveu: "Eu já disse, mas vou repetir: não se represa um rio, não se engana a natureza, faça a represa o que quiser, pois o rio cedo ou tarde vai arranjar um jeito de rasgar a terra, abrir um caminho, e voltar a correr em seu leito de origem".

Quem está, afinal, com a razão? Shaw que preconiza um mundo de gente capaz de alterar o status quo, de criar as suas próprias oportunidades ou Pessoa que defende um mundo, qual rio represado, que nunca se deixa vencer capaz de mudar o trajecto ou rebentar barreiras para voltar sempre àquilo que foi, por mais obstruções, por mais tentativas de se lhe mudarem as margens que lhe traçam os caminhos?

E para terminar esta crónica mais ou menos filosófica que hoje me deu para escrever, quem sabe se inspirada num 2020 que selou destinos, traçou caminhos, travou vidas, um pensamento para 2021, de Arthur Schopenhauer "o destino baralha as cartas, nós jogamos". Vamos, pois, jogar o nosso jogo em 2021 e não deixar que o destino baralhe as cartas a seu bel-prazer. A mesa de jogo de 2021 tem de ser nossa.

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