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Artigo de Opinião

Vogal da Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Psicólogos Portugueses

16/09/2025 08:00

No passado dia 4 de setembro assinalou-se o Dia do Psicólogo em Portugal. Uma data simbólica, mas sobretudo uma oportunidade para refletir sobre o papel de uma profissão que, apesar de cada vez mais reconhecida, ainda é por vezes mal compreendida.

O que é isto de ser psicólogo?

É, antes de mais, trilhar um percurso exigente: uma licenciatura em Psicologia, seguida obrigatoriamente de um mestrado, e um ano de prática supervisionada, o chamado Ano Profissional Júnior. Só depois deste caminho, feito de estudo, prática e avaliação, se está preparado para exercer. Não se trata de burocracia, mas de rigor e de responsabilidade. Afinal, trabalhamos com o que há de mais valioso: o ser humano.

Mas o verdadeiro significado de ser psicólogo não está apenas na formação. Está na forma como nos colocamos diante o outro. O psicólogo não adivinha, não dá receitas prontas, não oferece respostas rápidas. O psicólogo escuta, compreende, avalia com base na ciência e ajuda a pessoa a descobrir as suas próprias soluções, a encontrar recursos internos que, muitas vezes, julgava perdidos. O trabalho do psicólogo é, em última análise, facilitar o caminho da autonomia, do crescimento e da autodeterminação.

E importa lembrar: a Psicologia não se esgota na consulta clínica. Ela está na Psicologia da Saúde e Clínica, integrada em equipas multidisciplinares. Na Educação, a apoiar alunos, professores e famílias. Na Justiça, a contribuir para decisões mais informadas. No Trabalho e nas Organizações, a promover ambientes mais saudáveis e produtivos. No Desporto, a potenciar desempenho e motivação. Na Intervenção Social e Comunitária, a combater desigualdades e a promover inclusão. E ainda no desenho de políticas públicas, porque compreender o comportamento humano é essencial para construir sociedades mais justas e equilibradas. A Psicologia é múltipla, abrangente e transversal a praticamente todas as esferas da vida humana.

No centro da profissão está o compromisso ético. O psicólogo guia-se por um código deontológico que garante a proteção do cliente e a dignidade da pessoa. A Ordem dos Psicólogos Portugueses regula e avalia a prática profissional, assegurando que a intervenção é responsável, competente e sempre orientada pelo respeito pela dignidade humana.

Mas ser psicólogo vai ainda mais além: é preciso gostar genuinamente de pessoas. Não de forma ingénua ou romântica, mas com a coragem de aceitar diferenças, ouvir sem preconceito, compreender cada história, cada cultura, cada identidade. Tal como não concebemos um veterinário que não goste de animais, também não podemos imaginar um psicólogo que não goste de pessoas.

O Dia do Psicólogo celebra-se, na verdade, em cada conquista silenciosa: quando um adolescente reencontra confiança em si, quando uma criança com dificuldades descobre que é capaz, quando um trabalhador encontra equilíbrio entre vida pessoal e profissional, quando uma família aprende novas formas de comunicar. Celebra-se sempre que a Psicologia cumpre o seu propósito maior: ajudar as pessoas a viver com mais dignidade, consciência e autenticidade.

Ser psicólogo é acreditar. Acreditar que o ser humano pode mudar, crescer, recomeçar. É confiar na sua capacidade de resiliência mesmo quando tudo parece perdido. É ter a humildade de não ser protagonista, mas de caminhar ao lado, iluminando percursos que por vezes se confundem na escuridão.

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