Há trinta anos, na Festa da Ascensão que hoje celebramos, tínhamos connosco o Papa João Paulo II, hoje São João Paulo II. Entre as efemérides que mais honram e dignificam a diocese do Funchal, o domingo 12 de maio de 1991, será uma data memorável que não pode ser mais esquecida. No adro da Sé do Funchal, uma estátua do Santo Padre foi erguida para solenizar e não se esquecer o Papa que desde os bancos da escola conheceu que, muito longe da Polónia, numa ilha abençoada por Deus, embora descurada pelos dirigentes do país, se tinha retirado o herói Pilsudski que viera recolher-se na Madeira para escrever na Quinta do Bettencourt a sua grande obra “Correções Históricas”. Na escola, o menino Karol Wojtyla, aprendeu a escrever cartinhas para a Madeira, longínqua e misteriosa, nome que nunca mais esqueceu, e desejava um dia visitá-la.

“Quero visitar a Madeira”, disse-me um dia no Vaticano, na presença de todos os bispos portugueses. Durante 7 anos trabalhamos em conjunto para que o seu desejo, que também era o meu, se realizasse.

Como apresentei ao Papa a nossa Madeira?

“Agradecemos o grande dom da vossa visita à nossa terra, e o imenso bem de que ela é portadora. “Desde os primórdios do povoamento da Madeira e Porto Santo conservamos desta Igreja uma memória espiritual e missionária, colocada na estrada das naves que se deslocavam para os novos mundos descobertos pelos portugueses, a primeira colocada fora da   Europa, estendeu a sua jurisdição espiritual ao Brasil, terras africanas e asiáticas, sendo então a maior diocese do mundo; hoje queremos ser não apenas os guardiães do passado, mas testemunhas atualizadas da mensagem evangélica. A face desta Igreja é também a do presente, mas estamos conscientes da responsabilidade de uma nova evangelização, aqui também se cruzam as tensões culturais, sociais, económicas e humanas desta época ferida pelo secularismo e neopaganismo. Queremos proporcionar condições dignas e qualidade de vida para todos, queremos homens e mulheres livres perante o poder, o dinheiro, o tempo livre e a época de consumo, estamos na ultraperiferia da Europa, mas nem por isso somos menos europeus. Nesta diocese nunca separamos o amor de Cristo do amor à Igreja, conhecemos a vossa palavra sobre a dignidade e defesa do homem, do trabalho, da família, da paz, do diálogo entre as religiões, do ecumenismo, do amor à verdade e caridade e adesão ao sucessor de São Pedro.

Que nos recomendou o Santo Padre João Paulo II?

“O Papa traz hoje o seu abraço cordial a esta querida diocese do Funchal, que há tantos anos o esperava, bem como a todos os presentes.” Recordou-nos: “Centro de turismo mundialmente conhecido como a “Pérola do Atlântico” pela beleza apreciável de que o Criador revestiu os cenários destas ilhas, pelos corações hospitaleiros dos residentes, e pelo dom do repouso e da saúde aqui encontrada, dando-vos ocasião para presenteardes essas vidas, em seu tempo livre, com o Absoluto de Deus.” Disse-nos também que” certas formas de trabalho produtivo, tendem a despojar o próprio trabalho da sua dimensão humana, a favor da sua eficiência técnica...privada do seu relacionamento humano no seio da qual se torna difícil exprimir a própria identidade. Urge que o tempo livre readquira as dimensões de humanização que o trabalho perdeu”.

O Papa enviou nesse dia, do Estádio dos Barreiros, no dia do XXV Dia Mundial das Comunicações Sociais, apelando para um serviço para a verdadeira unidade e progresso da família humana, que conduzam a maior fraternidade e compreensão mútua para ajudar a progredir na busca do nosso destino humano de filhos e filhas amados de Deus.

O amor de Cristo foi a força dominante do Papa João Paulo II, quem o viu rezar, quem o viu pregar, bem o sabe. Radicado em Cristo pôde carregar um peso que supera as forças humanas, ser pastor do rebanho de Cristo. Num dia 13 de maio foi atingido por uma bala na Praça de São Pedro no Vaticano, encontrou o reflexo mais puro na misericórdia da Mãe de Deus que afastou a bala do TOTUS TUUS (Todo Teu) encontrando-se agora incrustada na coroa de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.