MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

CULTURAS GLOBAIS E CRIATIVIDADE

28/02/2022 08:00

Por outro lado, exemplos com resultados catastróficos iam sendo também tocados, desde Ilhas Gregas a outros destinos Europeus que foram engolidos e arrasados pela falta de visão, pelo frenesim do dinheiro, das modas e da idiotice (de quem tem muitas ideias) aliada à riqueza financeira. Muitos destes destinos turísticos foram riscados do mapa, passaram a ter uma taxa muito próxima do zero em relação a visitantes. A grande razão: A falta de visão, o cavalgar a onda capitalista meramente focada no lucro a curto-prazo, o não resistir à tentação e dinheiro, muito dinheiro. Algum deste dinheiro de autoridades locais e outro oriundo da idiotice, referida anteriormente, de quem tem muito e pode simplesmente desenvolver projectos que depois, se não vingarem, podem ser abandonados sem que responsabilidades sejam apuradas. É o chamado crime por antecipação que as próximas gerações terão de arcar. Os exemplos de sucesso, prosperidade e longevidade são quase sempre os que resistem à tentação do imediato.

Dizia, quando estudava meditava nestes temas, transportando-os para a preocupação que sempre terei em relação ao futuro da Madeira. Outro detalhe importante, nos casos de sucesso, é uma clara noção de identidade e autenticidade, alavancada numa cultura e micro-culturas protegidas e enaltecidas em que todo e qualquer projecto teria de estar em consonância. Voltando à nossa "casa", cada um saberá definir o que é essa identidade, ou não. Em suma, e tendo em conta o que é mais óbvio em relação à identidade da nossa Ilha, diria que a Madeira é NATUREZA, pura e simples, desde o fundo do mar ao Pico Ruivo, Grande, Ferreiro e por aí fora.

A minha questão inicial e como título vai nesse sentido. "Mixórdia/fossada" ou uma identidade? Sou sempre optimista/realista. Esforço-me por tentar compreender e atender às mais distintas perspectivas, mas por estes tempos tenho-me interrogado se vivemos num tempo em que a nossa identidade começa a ser uma Mixórdia ou se ainda temos autenticidade no que somos. Fala-se em Teleféricos de 30 milhões numa Ilha que o ordenado mínimo é miserável, fala-se em Dubais (O Dubai nem 70 anos tem, a Madeira tem 600), alojamentos de luxo, Novo Hospital, modernização e mais modernização, tecnologia e afins. Que assim seja. A Madeira é cada vez mais procurada como destino de férias activas e saudáveis. Infelizmente vejo muito pouco ser feito no terreno no potenciar do que os antigos com muito sacrifício erigiram. Ostentou-se recentemente o projecto de um Teleférico giro e moderno para o Curral das Freiras. Em verdade, não sei o que dizer, mas há muito mais por fazer e nada é feito. Percursos pedestres, Caminhos Reais, preservação, RENATURALIZAÇÃO etc, etc. Teremos uma identidade ou a Madeira caminha para uma Mixórdia?

Entretanto, na Noruega, o Governo contratou Nepaleses para reconstruirem os trilhos do País, tudo em pedra e com requinte (30 milhões, se calhar menos e eles vêm já que o nosso sector da construção parece ser só macadame) promovendo a identidade, um turismo activo e bom para a saúde, ao invés de camionetes penduradas em cabos, conhecidas como sardinha em lata, a sobrevoar vales. Parece-me a Ilha carecer de senhoras Marias da venda, senhores Josés da fruta e estímulo do pequeno e genuíno ao invés de "tubarões voadores", mas quem sou eu…

Reflexões urgem.

Até…

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