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Artigo de Opinião

Doutorada em História / Investigadora

30/10/2024 08:00

Hoje, volto a escrever sobre o envelhecimento. Com uma outra perspetiva, é um facto. Mas sempre com uma visão construtiva. Pela evolução social, económica e política que tem ocorrido, por um lado, e que é inegável, mas, por outro lado, também pela consciência que a idade já me vem trazendo. Anteontem, 28 de outubro, assinalou-se o Dia Mundial da Terceira Idade.

Um dia que a todos nos leva a refletir. Sobre o que tem sido realizado. Sobre o impacto do fenómeno que é o envelhecimento. E o que podemos fazer, a pensar nele, ao longo de todo o ciclo vital. E, já se tem feito muito. Em áreas concretas. Porém, continua a nos faltar a mudança de mentalidade. Um maior envolvimento político, não dos Governos, nacional e regional, mas dos partidos políticos, sobretudo os que têm assento nos respetivos parlamentos. Na última edição do semanário Expresso, Ana João Sepúlveda, CEO da 40+ Lab, fala da necessidade de uma maior promoção de uma literacia para uma nova economia emergente, onde a longevidade é um eixo de desenvolvimento. No mesmo artigo de opinião, convoca seis pilares que considera básicos, para a criação de um ecossistema para a longevidade. Gostei do que li. Recomendo a leitura. Dei comigo a fazer uma retrospetiva, talvez por defeito de formação académica, sobre o nosso país, que é o 4.º mais envelhecido do mundo, acerca dos papers sobre a História da Economia Social e o Estado. Aliás, este é um tema sobre o qual o Parlamento Europeu já emitiu, por diversas vezes, várias recomendações aos Estados-Membros, e à Comissão Europeia, para os múltiplos papéis da Economia Social e o seu lugar nos Estados. Recomendações essas, que no meu entender, apelam a um reforço e a uma maior abordagem relacional, entre a Economia Social e o Estado. Esta relação tem sido impactante na forma como o Mundo se tem vindo a adaptar à nova realidade demográfica. Talvez já comece a deixar de fazer sentido continuarmos a usar a expressão ‘inverno demográfico’. O foco começa a ser outro, e Ana João Sepúlveda, no mesmo artigo, revela que «se no início o foco foi o envelhecimento, hoje o foco é cada vez mais no tempo de vida e tempo de vida saudável», ou seja, «o foco começa a ser o potencial económico da longevidade, onde se assume a longevidade como um dado adquirido».

Atualmente, podemos afirmar com toda a convicção que vamos viver mais. Que seremos mais saudáveis. Por isso, não é demais voltar a lembrar a importância de se perceber como envelhecemos. Que estratégias público-privadas estão a ser desenhadas para o nosso envelhecimento? Que também é de ordem pessoal. O que estamos nós a fazer para combater o idadismo e promover uma cada vez mais necessária intergeracionalidade? Felizmente vivemos numa região que tem condições excecionais para a realização de um trabalho de proximidade, realizado em rede, que aproxima o Estado do setor social, através das parcerias público-sociais, e que promove a aproximação de privados e investidores que fazem crescer a longevidade como uma nova área da Economia. Nova, na forma como se apresenta. Este ano, em Davos, a ciência da longevidade foi o tema central. No Fórum Económico Mundial, ficou demonstrado o interesse em fazer crescer a longevidade como área da economia. Este é o novo fenómeno económico. Vamos estar atentos. Pela nossa vida longa e feliz.

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