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Artigo de Opinião

Economista

15/07/2023 08:00

Desde a dissolução da União Soviética que o território do Nagorno-Karabakh é disputado entre a comunidade arménia aí residente e o Azerbaijão. O conflito deu origem a duas guerras, a última das quais em 2020 e que ditou a perda de parte do território habitado por arménios. Desde então permaneceu aberto apenas um único corredor a ligar a Arménia à capital do Nagorno-Karabakh, Stepanakert: o corredor Lachin. Todo o abastecimento económico e humanitário concentrado está numa única estrada, a qual garante a sobrevivência desta população.

Apesar dessa vitória, o Azerbaijão decidiu este ano interromper esse corredor, enclausurando 120,000 habitantes do Nagorno-Karabakh, dos quais 30,000 crianças, agora sem acesso a bens e cuidados essenciais. Com este cerco desumano, o Azerbaijão viola completamente os acordos que determinaram o fim da última guerra em 2020.

Demonstrando uma total ausência de espírito dialogante, o Azerbaijão interditou até o corredor à ajuda humanitária da Cruz Vermelha. Desde finais de junho que o fornecimento de medicamentos aos hospitais do Nagorno-Karabakh e o transporte de doentes graves está interdito. Esta é uma clara asfixia de uma população às mãos do Estado azeri e receia-se o que ainda poderá vir a lhe acontecer na escuridão do esquecimento internacional.

Quando a comunidade internacional não está atenta, ocorrem as maiores atrocidades contra a humanidade. Longe da vista, longe do coração: é esse o perigo de nos esquecermos da comunidade arménia cristã no enclave do Nagorno-Karabakh. No passado, o povo arménio sofreu demasiado por força desse esquecimento global: desde o atroz Genocídio Arménio de 1915 às mãos do regime turco, até os mais recentes pogroms dos anos 1990, em Bacu, capital do Azerbaijão.

Limpeza étnica não é um conceito abstrato para o povo arménio; são cicatrizes profundas da sua história que urge não repetir no mundo contemporâneo. É por isso fundamental que o bloqueio ilegal do corredor seja interrompido através de mecanismos internacionais, incluindo o envio de uma missão internacional para apurar os verdadeiros factos em torno do desrespeito do Azerbaijão pelos direitos humanos fundamentais da população arménia no Nagorno-Karabakh.

Porque é urgente atribuir visibilidade a uma comunidade esquecida, deixo uma imagem de uma manifestação ocorrida esta semana na capital Stepanakert onde a população exige a abertura do corredor de Lachin. Os milhares de manifestantes uniram as suas vozes e escolheram o "Pai Nosso", como sinal da sua identidade cultural para o mundo que teima em ignorá-los. Ouçamos.

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