Avida está cara. E escalda todos, como facilmente se percebe quando vamos ao supermercado. Ainda mais cara se torna para quem contraiu dívida bancária e é obrigado a lidar com a escalada de juros que se amontoaram nos últimos tempos.
A inflação, o custo dos materiais e produtos, a escassez de mão de obra, enfim, a atual tempestade financeira roça a perfeição. Mas parece que só ‘molha’ os contribuintes em nome individual.
A banca, por exemplo, há muito que não lucrava tanto. E não foi pouco: 111 milhões de euros de juros e proveitos equiparados pagos pelos madeirenses em 2023 com o esforço redobrado de famílias e empresários. É evidente que o melhor, mesmo, para os que podem, é não pedir emprestado. Mas é mais fácil dizer do que fazer.
Os juros elevados, aliás, parecem ser a nova tendência. E abrasam em todos os sentidos. Mas não devia ser assim, principalmente quando ameaçam valores não financeiros e colocam todos ao mesmo nível. Suspeitos, vítimas ou culpados. Todos desfilam com as algemas dos condenados sob o olhar de um povo que diz não acreditar no aparelho judicial, mas diverte-se com o calor que emana da fogueira que queima os outros.
Na Justiça, o trabalho tem sido feito a conta-gotas e à vista de todos. Com narrativas diferentes construídas em cima de dados iguais. Nada muda a não ser a ilusão de novas nuances. Os juros, esses, pagam os suspeitos à conta de uma (des)informação que não interessa a ninguém. Principalmente a quem quer ser justo e zelar pelo bom funcionamento das instâncias judiciais.
A morosidade da Justiça também acarreta juros. E os custos, não raras vezes, acabam por dinamitar a presunção de inocência que parece não existir na praça pública. Importa, portanto, segredar primeiro e controlar a informação mesmo que não se diga a verdade toda. Porque é preciso reacender o fogacho para manter a temperatura do julgamento público em banho-maria.
Já não surpreende que estas decisões surjam coladas à agenda política. Principalmente quando os políticos tomam conta de toda a atividade e colocam-se a jeito. Abusam nas trocas de acusações por provar e esquecem-se do essencial, que passa por dar provas de eficácia na vida pública. A política, que quase todos ouvem, baseia-se em estratégias de ataque pessoal. Relembrar que o prometido não foi cumprido é chão que já deu uvas. Coisas do antigamente.
Em abono da verdade, nesta altura de pré-campanha, as acusações já começam a ser interrompidas com promessas. De novo o ferry, outra vez a baixa do IVA, mais casas e mais apoios, ainda mais emprego e maiores incentivos para os empresários. Todos sabem o que importa aos madeirenses, os mesmos que continuam com os salários congelados devido à paralisação atual.
Enquanto isso, quem trabalha tenta fazer o melhor que sabe numa conjuntura difícil. Muitos conseguem-no, outros, mesmo batalhando, sentem mais dificuldade.
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