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Artigo de Opinião

30/09/2025 08:00

Há chavões que a direita radical portuguesa conseguiu instituir, usando a técnica que lhe é característica: mentir. Dizem que os partidos democratas em Portugal são “radicais”. E porquê? Porque são violentos? Sabemos que não. Porque incitam ao ódio? Também sabemos que não o fazem. Porque mentem sobre o que acontece e inventam notícias falsas para enganar e baralhar a população? Também não.

Se procurarmos bem, vemos que ao longo dos 50 anos após o 25 de abril o que os partidos democráticos conseguiram para a população portuguesa foram conquistas humanistas que realmente serão radicais se compararmos com os tempos da ditadura, em que as pessoas não tinham direitos, nem proteção social ou jurídica.

Com efeito, as coisas radicais que os partidos democratas conseguiram em Portugal foram, por exemplo:

- Instaurar o subsídio de férias, de Natal e de desemprego;

- Criar as 8 horas de trabalho diárias, numa semana de trabalho de 5 dias.

- Implementar um sistema de saúde e de educação para todos;

- Criar uma segurança social que protege na velhice, no desemprego, na doença, na maternidade/parentalidade;

- Aprovar uma Constituição que proíbe a discriminação “em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual”, entre outros princípios.

Para os políticos das “fake news”, que distorcem deliberadamente a verdade e recorrem às emoções básicas do medo e do ódio, quem defende o humanismo, o respeito pela diferença de opinião, de orientação sexual, o direito à igualdade entre homens e mulheres ou a defesa de uma sociedade mais justa passou a ser um... adivinhem lá! Claro, um radical de esquerda!

Em contrapartida, o que nos tem dado a extrema-direita em Portugal? Medo e ódio!

- Medo de perder as regalias que tinham – vejam-se os machismos em relação à emancipação das mulheres;

- Medo de expressar opinião, porque quem o faz é completamente insultado e agredido sob o anonimato das redes sociais;

- Medo de quem vive ao pé de nós ou de quem veio de fora, construindo-se uma narrativa de um inimigo externo que nos vai roubar e aniquilar internamente;

- Ódio ao que é diferente, incitando constantemente à violência, à raiva e à vingança como forma de resolver diferenças e construir a coesão social;

- Descredibilização das instituições democráticas – veja-se o comportamento de Filipe Melo em relação à deputada Isabel Moreira, ou André Ventura ao abandonar o debate sobre os incêndios pedido pelo seu partido, para vir provocar a manifestação de imigrantes, sabendo que a comunicação social lhe daria mais visibilidade na rua do que no parlamento que ele pretende destruir, como sabemos.

Que sociedade defende este partido? Se repararmos na reação do líder às palavras de Isaltino de Morais sobre ele, o que defendeu foi que o mandaria prender. Para este querido líder os tribunais e a justiça são ele próprio. Não há separação de poderes, mas sim o culto da personalidade. Atentem nos cartazes autárquicos e verão que este querido líder aparece em todos, como se concorresse em todo o País, aparecendo como a única pessoa que o pode salvar.

Por isso estas autárquicas são tão importantes. Alguns partidos vão aproveitar as mesmas técnicas populistas para ganharem votos e destruírem quem sentem que os ofusca. Ainda não perceberam que sem a união de todo os democratas serão engolidos pela voragem da mentira, da raiva, do ódio e da desumanização. Não contam comigo.

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