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Artigo de Opinião

Psicóloga

24/08/2022 08:00

Quantas são as histórias que trazemos nas memórias de infância e nos fizeram sonhar e acreditar. Fábulas de encantar, mitologias de nos prender a atenção, e assim crescemos, usufruindo da magia de ser criança. Estávamos despertos e ávidos ao conhecimento, admitindo a verdade contada pelo outro.

Hoje, somos toxicodependentes das tecnologias, das redes sociais, das histórias inventadas de realidades subjetivas, em busca de julgamentos infundados.

Hoje, eu vi uma girafa na janela do meu quarto. Acreditas? Não? Mas eu digo-te que estava lá mesmo, era o meu porta chaves. Talvez em criança, eu tivesse acreditado.

É pelas histórias que vamos, contudo, nem todas as histórias vêm com manuais.

Houve um jogo de competição, com vitórias e derrotas, com multidões de expetadores, com gente a vibrar por nomes que passam tão rápidos que esqueces o som quando ele foi.

Hoje, há tantas histórias por contar. Há tanta multidão a querer falar. Há tanta realidade de choro fácil, vista aos olhos de cada um e todos eles, melhor ou pior, dão um sentido à sua história.

Hoje, alguém não está para contar a verdadeira história, mas hoje, todos querem invadir os tribunais e fazer justiça com julgamentos de histórias que não sabemos.

Somos abalados pelas crenças, pelos sons ensurdecedores que nos caem aos ouvidos mesmo sem pedirmos. Somos regidos por regras sem cumprimentos. Somos todos perfeitos. Seremos mesmo perfeitos? Para a carochinha, o João Ratão era perfeito e acabou por cair no caldeirão.

É inevitável o julgamento em histórias que ouvimos em defesa de crianças que já não estão, de pais que sofrem com a culpa de uma ausência predominando recordações num papel de pais. Teremos nós o direito ao julgamento? Somos imaturos no que respeita ao papel da responsabilidade, quando a história do real não passa do "imaginário" na mente do outro.

Queremos culpados, responsabilidades. Queremos ter um sentido num caminho que tire a dor no grito da morte. Ela ainda continua a ser um tabu que vem vestida de negro, sem dizer a hora que bate à porta e te chama pelo nome. Ela é destemida aos olhos de um povo onde a crença enraizada ainda te esconde por baixo de um manto, para que quando passe não sejas vista. Ela ainda te intimida na alma e te engana nas palavras. Como dizia Antoine de Saint-Exupéry "o essencial é invisível aos olhos", também a carochinha teve as suas crenças e a sua história para contar. Cada um de nós tem um papel extraordinário na sociedade: cuidar de si próprio. Só assim poderá abraçar a sua verdade e fazer da sua história a realidade objetiva num inconsciente coletivo.

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