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Artigo de Opinião

Economista

30/01/2021 09:15

As Presidenciais do passado domingo expressivamente atribuíram a vitória da noite (60,7%) à moderação, ao consenso e ao bom senso com a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa. Todos chamam a si um cunho da vitória, alguns só apontam a outros a justificação pelas suas derrotas e nalguns partidos inclusivamente despoletou-se a necessidade de reavaliação do curso seja pela não-comparência do governo minoritário do PS, seja internamente no CDS, seja no bem-vindo anúncio que o PSD e o CDS claramente excluem o Chega das suas futuras coligações eleitorais.

Estes processos de definição, de conflito interno e de debate são fundamentais para cada agente político se preparar da melhor forma para as próximas eleições: as autárquicas no outono de 2021. Em democracia, o vácuo na expressão é um perigoso condutor para um desvio populista de votos. Ainda para mais, num contexto pandémico que altera profundamente a previsibilidade política.

A participação eleitoral que ocorreu nas Presidenciais demonstrou que é possível realizar eleições em tempos de pandemia, graças tanto ao civismo do eleitorado português como à boa organização dos autarcas e voluntários. Claro que se notou que certos procedimentos devem ser melhorados, tais como o voto dos emigrantes e o voto em mobilidade. Mas no cômputo geral, o vírus não suspendeu a nossa democracia.

Contudo, um fator que se prova extremamente difícil de realizar nestes tempos atípicos é a campanha eleitoral porta-a-porta. Depois de anos a fio a propagar (e bem) a necessidade da "proximidade" aos cidadãos, a política vê-se impossibilitada de se aproximar a menos de 2 metros do eleitor. Sorrisos só nos outdoors. Abraços só verbais. Debates alargados só pelo Zoom.

Ao observar o agravamento da pandemia, o lento (e lamentavelmente controverso) processo de vacinação e o SNS sobrecarregado, ninguém pode seriamente pensar que em setembro Portugal estará em condições de realizar uma campanha eleitoral tradicional! Ainda para mais, as eleições de órgãos locais são sempre de natureza mais próxima ao cidadão - é por isso urgente reestruturar o modus operandi das campanhas e garantir que a mensagem política dos partidos efetivamente é recebida pelo eleitor.

A comunicação social deverá por isso ser um aliado ainda maior do sistema político democrático, ao fomentar o debate e o confronto entre os candidatos autárquicos para que o eleitor possa decidir de forma mais informada possível. Os meios tecnológicos possibilitaram já a vários partidos e estruturas a realização virtual de congressos, eleições e conselhos internos - não tenhamos receio da sua formalização. A democracia ativa e transversal não pode ser suspensa por interesses partidários temporários. Ela é peça chave para a própria recuperação e o desenvolvimento da nossa sociedade, para conseguirmos ultrapassar a atual crise, que é o nosso maior desafio coletivo desde a 2ª Guerra Mundial.

Sugestão da Semana: Esta semana assinalou-se o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto. O genocídio de seis milhões de judeus no Holocausto não aconteceu na distante Idade Média. Quando hoje em dia a intolerância, a discriminação racial e as desigualdades sociais aumentam na nossa vizinhança e pelo mundo fora - convém recordar que foi somente há 76 anos que as vítimas do regime nazi foram liberadas. A página de internet do Museu e Memorial Yad Vashem em Jerusalém (www.yadvashem.org) contém uma série de coleções digitais para garantir que a memória das vítimas nunca se extinga.

Bem-vindo anúncio que o PSD e o CDS claramente excluem o Chega das suas futuras coligações eleitorais.

Rubina Berardo escreve

ao sábado, de 4 em 4 semanas

Rubina Berardo

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