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Artigo de Opinião

CULTURAS GLOBAIS E CRIATIVIDADE

24/05/2021 08:00

É badalado e reconhecido o fenómeno da Orientalização das sociedades Ocidentais, inclusive a nossa Ilha. Desde comida, passando por rituais, cultos, religião, talvez o vírus de Wuhan, este a mais recente e persistente tendência, estamos perante vagas e modas que, face à globalização, correram o mundo sem os horrores e penitências da rota da Seda. Chegaram de rompante e para permanecer. Entre essas tendências, o apelidado estado Zen ou a “Zenificação” da Sociedade, como alguns académicos “patentearam”, também ocorreu. Alan Watts desenvolveu um reconhecido trabalho na difusão da filosofia Oriental para o público Ocidental. Hoje escrevo acerca de um outro lado dessas vertentes e perdoem-me os meus muitos amigos que se renderam a essas tendências, eu incluído de alguma forma. O “Zen” ou estado “Zen” não é para todos. Escrevo isto depois de alguma investigação e debate amistoso com outros amigos que reconhecem o Zen trazer-lhes nervosismo. Existem calmas que enervam, existem almas que não precisam de que lhes digam para se acalmar, porque, em abono de alguma veracidade, essas almas necessitam de, sim, se enervar um pouco, “stressar”, para depois talvez alguma calma, algum “Zen” se instalar. Na Madeira e em Portugal há um fenómeno que prezo e estimo muito: Praguejar. Existem pessoas que precisam praguejar, se enervar, por aí adiante e essas pessoas também merecem atenção, respeito e mente aberta.

É precisamente por essa realidade que existem já por esse mundo fora outras tendências menos faladas, mas que se resumem ao exteriorizar do stress, da fúria ou como quiserem referir. Os “Furry rooms” e “Smash it rooms”, ditos terem surgido pela primeira vez em 2008 no Japão, já têm muitos adeptos à escala global. Baseia-se em partir louça e outras coisas, rebentar móveis obsoletos com tacos de basebol e por aí adiante. Talvez uma alternativa reciclagem ou “incineradora”. É uma balbúrdia que sabe bem, dizem. Parece-me que também pode ir lá com desporto, caminhada, cross Fit, cross Fit da fazenda a plantar batatas e, claro, com o praguejo. Conheço boa gente que lhe prega uns palavrões no alto da serra e dorme bem melhor. Estes “Furry rooms”, ou em Português, quartos de fúria, já existem na Europa, em cidades como Paris, Londres, até na nossa Lisboa. Se há por aqui, não sei, mas parece-me um nicho de mercado a explorar em tempos em que o stress pós Covid-19 pode necessitar de um recanto para ser vazado. É uma forma de diversificar. Talvez uma forma de voltar a sorrir para o Patrão ou chefe de serviço, quem sabe. Os Zens e os Stressados podem assim coexistir e talvez, depois de todos acalmarem, haja a possibilidade, uma vez que a cultura já reabriu, de ir ver um concerto, uma peça de teatro, uma exposição, um museu. Fica a dica para algum empreendedor.

Finalizando, abordando muito rapidamente a reabertura da Cultura e suas Ultraculturalidades, a fazer algumas breves vénias. Uma visita à Casa Revoredo em Santa Cruz, onde dois meus estimados conterrâneos apresentaram duas distintas exposições. Parabéns Cristiana Sousa e Hélder Folgado pelo vosso trabalho, sensibilidade, carácter e força. Foi bom também ver os Camachofones voltarem à rua logo no primeiro dia de suavização de restrições. Cheira-me também que mais eventos surgirão, desde música, teatro, literatura, exposições, etc. Ou seja, sabe bem podermos voltar a conviver e beber de inspiração e cultura, mas não percamos os cuidados, o CIVISMO, para que não seja necessário termos de voltar a ir todos para a serra praguejar.

Voilá.

Por fim um álbum e um trilho de 6 meses.

Álbum: “Shore” dos Fleet Foxes

Trilho: Appalachian Trail ou Caminho dos Apalaches, 6 meses a cruzar os Estados Unidos. Quem se atreve?

Até Junho!

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