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Artigo de Opinião

15/05/2022 08:00

Genericamente, uma criptomoeda é um tipo de dinheiro (como todas as outras moedas com as quais convivemos todos os dias), com a diferença de ser totalmente digital e não ser emitida por nenhuma autoridade financeira ou governo. No caso são moedas digitais que usam uma tecnologia de ponta (o "blockchain" no caso da Bitcoin), criptografadas para controlar a sua emissão e as transações realizadas, sem qualquer necessidade de um controlo central apertado.

De facto, estas moedas digitais (das quais a mais conhecida, a mais importante e mais valiosa é a Bitcoin) são representadas por um código complexo que não pode ser alterado e as transações realizadas com elas são protegidas por criptografia e não podem ser desfeitas. Mas porque não existe uma autoridade central que regule essas transações, elas necessitam de ser registadas e validadas uma a uma, o que é feito por um grupo de pessoas que usam os seus computadores em rede para gravá-las no chamado "blockchain". São os mineradores. Assim o "blockchain" é uma espécie de banco de dados público, onde consta o histórico de todas as operações realizadas com cada unidade de Bitcoin. Cada nova transação, como uma transferência entre duas pessoas por exemplo, é verificada pelo "blockchain" para assegurar que os mesmos Bitcoins não tenham sido previamente usados por outra pessoa.

Ao contrário do que é algumas vezes apregoado, estas operações são totalmente abertas e verificáveis. A rede blockchain é pública, ou seja, qualquer transação na rede pode ser visualizada e pesquisada na internet. A diferença é que os usuários não são identificados na rede com os seus dados pessoais como nos bancos, mas através de uma chave pública, que é o endereço da carteira de Bitcoin do usuário. Portanto mesmo que não se conheça os proprietários das carteiras, todas as transações na rede podem ser visualizadas publicamente e, mais importante, são definitivas.

Antes de mais, a moeda digital é uma moeda. Tal como o dinheiro físico corrente (Euro, dólar, etc), as criptomoedas procuram exercer três funções principais: servir como meio de troca, facilitando as transações comerciais; como reserva de valor, para a preservação do poder de compra no futuro; e ainda como unidade de conta, quando os produtos são tabelados e o cálculo económico é realizado em função dela. Se, no caso da Bitcoin, a sua representação enquanto unidade de conta é ainda muito ténue, dadas as flutuações no seu valor de mercado, é nas duas primeiras funções que o seu crescimento é notório e incontornável.

De facto, comprar e vender Bitcoin, para além de ser absolutamente legal, muitos países já começaram a adotá-la e a regulamentar o seu uso. Atualmente já é possível utilizar a Bitcoin para fazer compras diretamente em estabelecimentos comerciais ou trocando-a para moeda corrente em qualquer multibanco, sendo que esta moeda em particular já tem um longo historial enquanto meio de efetuar pagamentos a qualquer pessoa no mundo, sem necessitar de um banco ou um intermediário de pagamento.

Por outro lado, é uma moeda segura. Desde logo, e graças à sua tecnologia, no mercado de criptomoedas, depois de uma transação ser anexada ao bloco e inserida na "blockchain", ela torna-se irreversível. Registada e imutável, também só há duas formas de adquirir uma bitcoin: ou comprando, sendo que o sistema regista toda a operação, incluindo a indentificação do vendedor, ou ganhando bitcoins através do processo de "mineração", registando todas as operações no "blockchain". Deste modo, qualquer profissional pode facilmente identificar um caso em que alguém tente cometer uma fraude, ao contrário dos bancos tradicionais.

Por outro lado, a Bitcoin é o ativo mais semelhante ao ouro criado pelo homem. Porque é um elemento escasso, a Bitcoin é muito procurada para ser utilizada como reserva de valor. Além de ser muito melhor em todas as qualidades que o ouro (como a portabilidade, divisibilidade e fungibilidade), a Bitcoin também é melhor do que o ouro na sua escassez. Enquanto o ouro é escasso, a Bitcoin é limitado e, graças à sua programação, apenas existirão no mundo o máximo de 21 milhões de unidades. E este é um dos principais pilares da Bitcoin. A sua emissão programada e previsível garante um grande diferencial em relação a qualquer outro ativo utilizado como reserva de valor.

É natural que ainda hoje exista muitas dúvidas neste mercado, porque ainda é muito novo e ainda pouco utilizado pela população em geral. Notícias como "Bitcoin é uma fraude" ou "Criptomoedas não têm lastro" deixaram muitos investidores receosos sobre investir em moedas digitais. Por outro lado, antes da Bitcoin, as moedas comuns também eram e continuam sendo usadas por pessoas com más intenções. Isso mostra que o problema não está na criptomoeda em si, mas nos modelos fraudulentos que podem ser facilmente identificados pelas promessas de altos rendimentos. Porém, as criptomoedas são uma realidade e não há como negar que elas estão revolucionando o mercado financeiro e, num futuro não muito longínquo, vão mudar as práticas financeiras das pessoas.

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