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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

24/07/2022 04:50

A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, em alemão "Kirche in Not", foi criada pelo Padre Warenfried van Straaten em 1947, após a segunda guerra mundial, numa época de dor, carências e luto. Foi um fruto amadurecido pelo Espírito Santo no espírito dum padre alemão que tinha a mente aberta a altos voos e fundou uma organização para envolver o mundo com um abraço de paz e ajuda espiritual e material. A Igreja tinha falta de meios económicos, mas também de alguém que sentisse a tristeza da violação da liberdade religiosa. Esta Fundação chega hoje a 21 países, incluindo também Portugal, que na sua ação caritativa se estende a mais de 140 nações. É a maior entidade da Igreja Católica no mundo. Mais de 60 milhões de pessoas já foram beneficiadas através de 6000 projetos, que atingem a formação de seminaristas, noviças, construção de igrejas. bolsas de estudos, apoios a conventos pobres, estudantes, apoio a rádios, meios de transportes para o apostolado, impressão de Bíblias, ajudas a refugiados e deslocados. O Padre Warenfried van Straaten passou um período de férias na Madeira, na zona do Caniço, depois no Funchal tendo concelebrado comigo na Sé Catedral e almoçado no Paço Episcopal, visita que muito nos honrou e favoreceu longas conversas sobre o A.I.S.

Como exemplo desta Fundação apresento a história de Farah Shaheen, jovem cristã raptada no Paquistão. Tinha 12 anos quando a sua infância foi cortada como uma flor em botão, sendo cristã foi raptada, forçada a converter-se ao Islão e a casar, viveu como escrava durante cinco longos meses, foi violentada, algemada e forçada a trabalhar em pocilgas. O seu testemunho faz parte do relatório da A.I.S, em que se denuncia uma face oculta da perseguição religiosa contra a comunidade cristã. O seu relatório é uma peça fundamental da A.I.S. sobre o rapto e violência que tem atingido jovens e mulheres cristãs e outras minorias religiosas em diversos países do Islão. O "Relatório Ouçam os gritos delas" revela que todos os casos estudados referem-se a jovens e mulheres cristãs, e que os raptores são muçulmanos que vêm estes cristãos com o maior desprezo.

Quando a Farah foi raptada, o pai não estava em casa, a família ficou envolvida em lágrimas e revolta. Chamaram a polícia que se recusou ouvir os familiares, como se o pai fosse o culpado, foi tratado com desdém e indiferença. Os raptores disseram que a menina se tinha convertido ao Islão e casado.

Farah rezava todas as noites, após três meses, a polícia concluiu o primeiro relatório, mas só passados, outros dois meses é que a menina foi descoberta, estava com os tornozelos feridos com marcas de correntes. O relato "Ouçam os Gritos delas", através da A.I.S. foi divulgado pelos microfones da BBC de Londres. A menina relatou: "Estive acorrentada a maior parte do tempo. Foi terrível. Puseram-me correntes nos tornozelos e amarraram-me com uma corda... Rezava todas as noites dizendo:" Deus ajuda-me, por favor."

O pai da menina disse à A.I.S. "Farah disse-me eu fui tratada como uma escrava, foi forçada a trabalhar o dia todo, a limpar o estrume num terreno para o gado".

Quando a polícia a encontrou Farah foi colocada num centro de acolhimento para mulheres e jovens. Para o Tribunal decidir foi preciso tempo pois o raptor dizia que ela tinha 16 anos, a idade legal no Paquistão para o casamento. A família apresentou o documento de nascimento mostrando assim que só tinha 12 anos. O juiz ordenou uma Investigação médica. No ano seguinte um juiz olhou para o processo e concluiu que era evidente o que o pai dizia, Farah tinha 12 anos e teria de regressar a sua casa.

O pai de Farah está revoltado, a polícia e as autoridades judiciais não tomaram nenhuma medida contra o raptor que violentou a sua filha, mais um crime sem castigo no Paquistão. A Fundação A.I.S. conclui que esta é uma realidade tão dramática que se pode considerar mesmo uma "catástrofe" ao nível dos direitos humanos. Esta é realmente a face oculta da perseguição contra as minorias religiosas e da perseguição contra os cristãos. Assim poderia acontecer no Iraque, na Síria, no Egito, na Nigéria. Etc, etc.

Num tema que apresentei a 10 de julho passado no J.M.

"Mediterrâneo fronteira de paz", realizado em Florença, notamos como o Papa, os bispos e presidentes de Câmara, se apaixonaram pela convivência pacífica e fraterna que o carismático italiano La Pira entreviu de "a nova Jerusalém sobre o monte", visão de paz universal, contudo a cidadania mediterrânea e universal, é ainda uma visão toda a construir...Que fazer?

Colabore com a "Fundação à Igreja que Sofre," a maior entidade da Igreja Católica no Mundo, doando 0,5 % do seu IRS, ou deixe um legado ao serviço da Igreja que sofre em silêncio.

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