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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

22/10/2023 08:00

A igreja com os seus documentos oficiais, nas várias situações concretas e com uma visão moral evangélica, já com o Papa João XXIII, hoje santo, defende a função da igreja, sugerindo três atitudes fundamentais, ver, julgar e agir, na Encíclica Mater et Magistra.

O Papa João Paulo II, hoje também santo, na Centessimus Annus (1991), fornece indicações que têm um valor permanente, radicado no Evangelho, que é uma parte essencial da mensagem cristã e da missão evangelizadora da Igreja.

O Papa Bento XVI, na Caritas in Veritate (2009), dá-nos neste documento uma chave para compreender o que o Magistério da Igreja intende hoje em matérias tão relevantes, como a relação de Mercado-Estado e a função das empresas na vida sócio económica e na dos seus dirigentes e gestores.

Os dirigentes de uma empresa, seguindo uma rigorosa conduta moral, para os que se confessam cristãos, inspirada no evangelho, podem contribuir eficazmente para o bem comum da sociedade.

A realização deste bem, vai encontrar duas dificuldades: uma de ordem pública, quando estas estão presentes na corrosão e má administração: a outra é de ordem privada, na tensão interior e pessoal, entre a ideia de codecisão dos bens mundanos e condições para um sucesso puramente humano.

Colher os sinais dos tempos significa considerar ao menos quatro fatores: a globalização, o desenvolvimento das comunicações e da economia financeira, e a difusão do individualismo.

As boas decisões de uma empresa são baseadas no respeito da dignidade humana, no bem comum e na referência a um modelo económico que tenha em consideração a sociedade civil como comunidade de pessoas, isto significa a produção de bens que satisfaçam as necessidades humanas autênticas, uma organização que reconheça a dignidade dos trabalhadores mediante o princípio de subsidiariedade, a produção de uma riqueza devidamente distribuída, a partir dos preços, estipêndios, benefícios e taxas équas.

O documento tem referências históricas que estão na sua origem, como a falência do socialismo real, com a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética. Em 1989, em poucos meses, a maior parte dos países comunistas iniciou uma difícil e dolorosa tentativa para restaurar as próprias economias, procurando conseguir melhores condições de vida. O magistério pontifício afirmava com veemência que, o facto determinante da queda dos regimes opressores, foi a violação dos direitos dos trabalhadores, a falta de eficácia do sistema económico, a violação dos direitos humanos, a falta de propriedades etc.

O segundo acontecimento da origem do documento, aconteceu no outono de 2008 que devastou o setor financeiro mundial, comprometendo as instituições bancárias centenárias, provocando um pânico global. O mundo entrou numa recessão profunda experimentada no fim da segunda guerra mundial.

O Papa Bento XVI escreveu: "Os nossos dias dão-nos ulteriores evidências que a economia seja um dos sectores no qual se manifesta os efeitos do pecado: crer-se autossuficientes e capazes de eliminar por si sós o mal da história, levou o homem a confundir a felicidade e a salvação com formas imanentes de bem-estar material."

As exigências do bem comum derivam das condições sociais de cada época, estão estreitamente ligadas ao respeito e à promoção integral da pessoa e dos seus direitos

fundamentais. Tais exigências dizem respeito à promoção integral da pessoa e dos seus direitos fundamentais. Tais exigências dizem respeito ao empenhamento pela paz, à correta organização dos poderes do Estado, um sólido ordenamento jurídico, a tutela do ambiente, a prestação de serviços essenciais às pessoas, alguns dos quais são ao mesmo tempo direitos humanos: alimento, casa, trabalho, instrução e acesso à cultura, transportes, saúde, livre circulação das informações e tutela da liberdade religiosa.

Estes textos provenientes do magistério da Igreja, mostram segundo a encíclica do Papa João XXIII, que a igreja é Mãe e Mestra.

Leituras: Is 45, 1. 4-6; Sl 95 (96), 1 e 3. 4-5. 7-8. 9-10a.c - 1Ts 1, 1-5b

Evangelho: Mt 22, 15-21

Naquele tempo, os fariseus reuniram-se para deliberar sobre a maneira de surpreender Jesus no que dissesse. Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos, juntamente com os herodianos, e disseram-Lhe: "Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus, sem te deixares influenciar por ninguém, pois não fazes acepção de pessoas. Diz-nos o teu parecer: É lícito ou não pagar tributo a César?". Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu: "Porque Me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo". Eles apresentaram-Lhe um denário e Jesus perguntou: "De quem é esta imagem e esta inscrição?". Eles responderam: "De César". Disse-Lhes Jesus: "Então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".

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