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Artigo de Opinião

Psicóloga Clínica

29/12/2022 08:00

Nestes últimos tempos fui posta à prova, e aqueles que julgava serem os meus limites foram derrubados, como uma pena que o vento empurra. É tudo tão irrelevante quando somos confrontados com a finitude da vida! É tudo tão insignificante quando visto pelos olhos da dor. É tudo tão mais valioso a cada instante de superação, a cada momento de conquista. Apesar de ter bem presentes estes conceitos, senti-os na primeira pessoa, por mim e pelos meus. O medo que paralisa, por um lado, mas que nos leva a agir por outro, tem-me acompanhado, ainda que agora comece, lentamente, a desvanecer.

Nestes últimos tempos, quando me perguntam "Como consegues?", respondo: "Não penso, ajo!". Só assim conseguiria aguentar a exaustão física e psicológica que se tem apoderado de mim. Só assim conseguiria ajudar o meu marido a ultrapassar esta fase difícil pela qual está a passar. Só assim conseguiria apoiar a minha família a ultrapassar estes obstáculos que a vida nos apresentou, sem que o prevíssemos. Só assim conseguiria trabalhar e dar o meu melhor naquilo que faço. Quando tudo isto acalmar terei tempo para pensar e, sobretudo, para sentir. Para chorar, para rir, para relembrar e, sobretudo, para agradecer, pois, apesar de estarmos numa fase muito delicada, tudo está a correr favoravelmente. Estou grata a todas as pessoas que se cruzaram no nosso caminho neste último mês, pois, sem elas, tudo teria sido muito mais agreste.

O que agora escrevo traz-me memórias do meu último artigo do ano passado, em que refletia sobre o valor da vida e o que aprendi ao longo de 2021. Este ano mostrou-me, uma vez mais, que a vida é uma dádiva e que devemos aproveitá-la. Não devemos esperar pelo momento certo para fazermos o que quer que seja, pois o momento certo pode nunca chegar. Todos os momentos são "certos", desde que sejam vividos. Não podemos esperar pela perfeição para avançarmos com uma decisão, pois tal coisa não existe. A única coisa perfeita é a própria imperfeição. Não devemos deixar para depois, podemos não chegar a tempo. Não devemos pensar que "não conseguimos", sem esgotarmos todas as possibilidades de concretização.

Aprendi duas grandes verdades: 1) a vida não espera por nós e 2) nós somos o nosso único limite. Com estas duas premissas em mente, projeto um novo ano em que não quero deixar nada por dizer, muito menos por fazer. Quero amar, sorrir, abraçar, ajudar, agradecer, elogiar, viver! Quero encontrar novos limites, superar esses limites e sentir-me cada vez mais próxima da minha melhor versão. Quero dar mais de mim aos meus e aos que cruzarem o meu caminho. Quero ser uma melhor pessoa. Quero crescer em amor e dádiva. Quero viver cada instante com intensidade, como se fosse o último suspiro, com a responsabilidade de ainda andar muitos anos neste mundo. Quero, a cada momento, olhar para trás e sentir que a minha passagem na Terra valeu a pena, nem que seja por ter tocado o coração ou a vida de alguém.

A vida prega-nos partidas, mas temos 2 hipóteses: vamos lamentar-nos e deprimir, ou então vamos aprender alguma coisa com essas desventuras e fazer da nossa vida uma vida que valha a pena viver. Eu escolho a segunda opção!

Feliz 2023!

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