Vários casos de vacinação indevida estão a ser alvo de inquérito por parte do Ministério Público.
Entre autarcas, dirigentes de lares, funcionários da segurança social e do INEM, nos últimos das têm surgido denúncias da violação dos critérios estabelecidos no plano nacional de vacinação.
O primeiro caso identiicado envolveu José Calixto, presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, que justificou ter sido vacinado na qualidade de dirigente de um lar, uma situação que o coordenador do plano de vacinação contra a Covid-19, Francisco Ramos, considerou tratar-se de "um uso indevido da vacina".
Sucederam-se os casos de outros autarcas como Francisco Araújo, presidente da Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez e provedor da Santa Casa da Misericórdia local ou de Elisabete Adrião, vereadora da Câmara do Seixal e responsável pelo Núcleo Local de Inserção de Sesimbra (NLI).
A este vieram juntar-se a polémica no Centro Distrital de Setúbal do Instituto da Segurança Social (ISS), cuja diretora, Natividade Coelho, apresentou a demissão, no dia 29 de janeiro, depois de na véspera a SIC ter noticiado que 126 funcionários daquele organismo público tinham sido vacinados indevidamente.
Além de todos estes, segundo a Procuradoria-Geral da República foram igualmente instaurados inquéritos relativamente aos casos que envolvem o INEM de Lisboa e o do Porto, recentemente noticiados.
Segundo a APROSOC, o presidente do INEM, Luís Meira, "requisitou dezenas de vacinas a mais para imunizar funcionários do instituto, prestadores de serviços e colaboradores externos, parte dos quais seus amigos pessoais, violando as indicações do plano de vacinação" contra a covid-19.
Na sequência da denuncia o diretor regional do INEM no Norte, António Barbosa, assumiu que tinha autorizado a vacinação de 11 funcionários de uma pastelaria próxima, alegando tratar-se de uma opção para evitar o desperdício das doses de vacina. A polémica acabou, no entanto, por levar à demissão deste responsável.
A todos acrescentam-se ainda outros casos de alegado uso indevido de norte a sul do país, uma situação que o Ministério da Saúde "inaceitável", alertando que este ato pode ser "criminalmente punível" e tendo pedido ao grupo de trabalho (‘task force’) que prepare uma lista de outras pessoas prioritárias.
A ministra da Saúde, marta Temido, disse na segunda-feira que o Ministério da Saúde está empenhado em que os casos de incumprimento "sejam tratados adequadamente", porque o processo de vacinação "não pode sofrer fragilidades".
Lusa