O vice-presidente de Taiwan, Lai Ching-te, expressou hoje o desejo do território de aprofundar relações com Portugal num período de "instabilidade" no Estreito da Formosa, durante um encontro com deputados da Assembleia da República.
"Queremos aprofundar os laços bilaterais com Portugal em todas as áreas", afirmou Lai Ching-te, citado pelo Taiwan Today, um portal sob alçada do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan.
Um grupo de sete deputados portugueses está desde sexta-feira a realizar uma visita a Taiwan, numa deslocação a título pessoal e autorizada pelo Parlamento, numa altura em que contactos oficiais entre dignitários estrangeiros e as autoridades de Taipé têm suscitado fortes reações por parte da China.
A comitiva é composta por quatro deputados do PSD (Paulo Rios de Oliveira, João Moura, Carlos Eduardo Reis e Helga Correia) e três do PS (João Castro, Norberto Patinho e Vera Braz).
Pequim encara os contactos internacionais de Taiwan como iniciativas no sentido da independência formal da ilha.
Nos últimos anos, tem enviado caças e navios de guerra para perto do território com frequência quase diária.
Há duas semanas, o Exército chinês realizou quatro dias de intensos exercícios militares em torno de Taiwan, que incluíram a simulação de um bloqueio da ilha.
O vice-presidente de Taiwan disse que a visita tem um "significado especial" numa altura em que o território reabriu as suas fronteiras e existe "instabilidade" no Estreito de Taiwan, numa referência às movimentações militares de Pequim.
Lai destacou que Taiwan e Portugal partilham desenvolvimentos históricos semelhantes, já que ambos transitaram de governos ditatoriais para regimes democráticos.
No final da Segunda Guerra Mundial, Taiwan integrou a República da China, sob o governo nacionalista de Chiang Kai-shek.
Após a derrota contra o Partido Comunista, na guerra civil chinesa, em 1949, o Governo nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até hoje, o nome oficial de República da China, em contraposição com a República Popular da China, no continente chinês, comunista.
O território realizou reformas democráticas nos anos 1990 e é hoje uma das mais vibrantes democracias no leste da Ásia.
Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente a independência.
O responsável agradeceu a Paulo Rios de Oliveira, que preside ao grupo informal de deputados amigos de Taiwan, o apoio de "longa data" a Taiwan e citou a sua participação num evento organizado pelo Gabinete Económico e Cultural de Taipé em Portugal, em fevereiro passado.
Citado pelo Taiwan Times, Oliveira lembrou que Taiwan foi apelidada de Ilha Formosa por navegadores portugueses há cinco séculos. "Este vínculo histórico soma-se ao forte apoio meu e dos meus colegas deputados", acrescentou.
O deputado notou que Taiwan e Portugal "partilham os mesmos valores de liberdade, democracia, paz e respeito pelos direitos humanos".
"Portugal está sempre pronto assim que Taiwan precisar de um amigo", frisou.
LUSA