O presidente do PSD, Luís Montenegro, encerra hoje a ‘rentrée’ política do partido em Castelo de Vide (Portalegre), no final de uma semana em que o Orçamento do Estado para 2025 esteve no centro da agenda mediática.
Na quinta-feira, Luís Montenegro, então na qualidade de primeiro-ministro, manifestou-se admirado com a “agitação” em torno da proposta orçamental para o próximo ano, apelando oposição para ter calma, e recordou que estão marcadas novas reuniões com todos os partidos para setembro.
“Fico admirado de ver tanta agitação à volta dessa matéria. É preciso ter calma e cumprir o que está combinado”, afirmou o chefe do Governo, em declarações aos jornalistas.
Sobre as críticas de eleitoralismo da oposição a medidas do Governo como o suplemento extraordinário que vai ser pago a pensionistas, Montenegro remeteu “considerações mais partidárias” para hoje, numa intervenção na qualidade de presidente do PSD ao final da manhã.
“Não deixarei de dar algumas respostas a várias distrações [da oposição] que tenho registado nos últimos dias”, prometeu.
Na sexta-feira, o PS avisou que não aprovará um “orçamento de direita” e queixou-se de não ter ainda informação suficiente para iniciar as negociações do documento.
O secretário-geral do PS escreveu a Luís Montenegro a pedir “informação transparente sobre as perspetivas orçamentais” de 2024 e 2025, com os socialistas a considerarem que a informação disponibilizada pelo Governo “não responde” à carta enviada por Pedro Nuno Santos e avisando que sem esses dados dificilmente será possível negociar o Orçamento do Estado para 2025.
Na Academia Socialista, a ‘rentrée política” do PS que também termina hoje, a líder parlamentar Alexandra Leitão avisou que o partido não contribuirá para a aprovação de um orçamento “de direita” e que só vai permitir que este “Governo ultraminoritário continue” se as suas políticas forem boas.
Também na sexta-feira, o presidente do Chega anunciou que o partido se retira das negociações do Orçamento do Estado para 2025 e que “com toda a probabilidade votará contra” o documento.
André Ventura justificou a sua decisão dizendo ter conhecimento, com base em “notícias dos últimos dias, mas sobretudo das últimas horas”, de alegadas negociações entre socialistas e sociais-democratas e considerando que “é uma traição ao eleitorado da direita”.
Na Universidade de Verão do PSD, iniciativa de formação política de jovens que decorre desde segunda-feira em Castelo de Vide (Portalegre), apenas um dos três governantes presentes abordou o tema do Orçamento, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, traçando um paralelismo com a política do executivo para a imigração.
“Nós definimos uma linha política clara para a imigração, não há portas escancaradas nem há portas fechadas, essa linha é a linha que temos também para o orçamento, não há portas fechadas, mas não há portas escancaradas, esta é a nossa doutrina”, disse.
O Orçamento do Estado para 2025 terá de ser entregue no parlamento até 10 de outubro e os partidos que apoiam o Governo, PSD e CDS-PP, somam 80 deputados e são insuficientes para garantir a aprovação do documento, sendo necessária ou a abstenção do PS ou o voto favorável do Chega.
Depois de encerrar a Universidade de Verão do PSD, Montenegro terá ainda um encontro com militantes em Castelo Branco no âmbito da recandidatura à liderança do partido, mas fechado à comunicação social devido ao acidente de helicóptero que vitimou militares da GNR, tendo tcancelado a visita prevista, ao fim da tarde, à Feira de São Mateus em Viseu.