O presidente do PSD afirmou hoje ter a certeza de que a AD não irá precisar do PS para governar e acusou Pedro Nuno Santos de ter mudado de posição por não acreditar numa maioria à esquerda.
”Vamos mesmo conquistar uma grande vitória, tanto maior que nós não vamos precisar do apoio que agora, à última da hora, já nos querem dar, estimando que nós vamos ganhar as eleições, porque nós vamos de certeza absoluta conseguir uma representação maioritária na Assembleia da República”, afirmou Luís Montenegro, no Largo do Intendente, em Lisboa.
O presidente do PSD discursava em cima de um banco, perante apoiantes da Aliança Democrática (AD) que enchiam grande parte do largo, no fim de uma ação de rua que começou junto à Alameda Afonso Henriques durou mais de uma hora.
Antes, na Praça do Chile, em declarações aos jornalistas, Luís Montenegro considerou que não há “ninguém a explicar” por que motivo o secretário-geral do PS anunciou na segunda-feira que, se a AD vencer as eleições, não irá apresentar nem viabilizar moções de rejeição a um programa de um eventual Governo liderado pelo PSD.
”Mas eu vou explicar, foi por uma razão muito simples: o doutor Pedro Nuno Santos concluiu que a AD vai vencer as eleições e concluiu também que o PS com o BE e o PCP não vão ter uma maioria parlamentar igual àquela que tinham em 2015”, sustentou o presidente do PSD.
”Portanto, como ficou de mãos atadas, quis dar uma de moderado e quis dar uma de, enfim, mais disponível para ter uma atitude construtiva. Mas ele pode querer enganar as pessoas, a mim não me engana”, acrescentou Luís Montenegro.
Nesta ação de rua, o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, e figuras do PSD como a antiga presidente da Assembleia da República Assunção Esteves e os dirigentes Hugo Soares e Miguel Pinto Luz estiveram na parte da frente da caravana da AD, que ocupou os passeios e até parte da estrada enquanto descia a Avenida Almirante Reis.
Pelo caminho, Luís Montenegro recebeu incentivos de apoiantes e simpatizantes da AD e também falou com imigrantes, mais alheados deste processo eleitoral, entre os quais dois jovens do Bangladesh que a seguir perguntaram à agência Lusa quem era aquele grupo de pessoas com bandeiras da coligação entre PSD, CDS-PP e PPM.
Interrogado sobre a política que defende para a imigração, o presidente do PSD respondeu que quer “uma imigração regulada” que não seja de “portas escancaradas” nem de “portas fechadas à chave”.
”Temos de ter regras, temos de saber acolher, temos de saber integrar. Temos de procurar jovens que queiram vir para Portugal estudar – é uma das melhores maneiras de podermos integrá-los. Temos de procurar famílias inteiras e ter políticas para famílias inteiras, para evitar precisamente fenómenos de redes ilegais que trazem normalmente progenitores masculinos, de forma individualizada, muitas vezes sem ter uma perspetiva de trabalho”, prosseguiu.
Luís Montenegro frisou que defende para os imigrantes “os mesmos diretos, e também, naturalmente, as mesmas oportunidades que os portugueses que estão cá têm”.
No discurso que fez no Largo do Intendente, descreveu a AD como “uma candidatura inclusiva”, que quer que os estrangeiros em Portugal “se sintam novos portugueses”, mas sem prescindir de “ter regulação” nas entradas.
Numa alusão ao debate que teve na segunda-feira à noite com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, o presidente do PSD relativizou “os comentadores”, afirmando que fala “sobretudo para os portugueses”.
No início desta ação de rua, o presidente do CDS-PP considerou que “Luís Montenegro ganhou, obviamente” o debate, mas que “os portugueses não precisam certamente de um debate para decidirem em quem devem votar”.
Contra o PS, Nuno Melo alegou que Pedro Nuno Santos, se vencer, irá “abrir as portas do Governo ao BE e ao PCP” e observou: “Só de imaginar a Mariana Mortágua com responsabilidade nas Finanças deste país eu devo dizer que tremo”.