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Venezuela está quase privada de ligações aéreas com o exterior

Data de publicação
05 Dezembro 2025
8:25

A Venezuela está praticamente sem ligações aéreas com o exterior depois da suspensão dos voos por companhias aéreas estrangeiras por motivos de segurança, devido ao envio de tropas norte-americanas para as Caraíbas.

A Boliviana de Aviación e a Satena (Colômbia) cancelaram na quinta-feira os voos para Caracas, enquanto a Copa Airlines (Panamá) e a também panamiana Wingo prolongaram até 12 de dezembro a interrupção das operações. Todas invocaram razões de segurança.

A Iberia, a TAP, a Avianca, a GOL, a Latam, a Air Europa, a Turkish Airlines e a Plus Ultra já tinham suspendido as atividades. A Venezuela acusou as companhias de “se juntarem às ações de terrorismo de Estado” de Washington e revogou as licenças de exploração.

O êxodo começou com um primeiro aviso emitido pela autoridade aeronáutica americana, que exortou os pilotos a “extrema cautela” ao sobrevoarem o espaço aéreo na região, devido ao “agravamento da situação de segurança e ao aumento da atividade militar na Venezuela e arredores”.

O Presidente dos Estados Unidos Donald Trump acompanhou o aviso com uma mensagem na rede social que detém, a Truth Social: “A todas as companhias aéreas, pilotos, narcotraficantes e traficantes de seres humanos, considerem que o espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela está totalmente fechado”.

O espaço aéreo sob a responsabilidade da Venezuela cobre 1,2 milhões de quilómetros quadrados, que inclui uma grande área marítima muito próxima da zona no mar das Caraíbas para onde em agosto foi destacada uma importante frota da marinha de guerra dos Estados Unidos, que inclui o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, para combater, segundo Trump, o tráfico de droga.

O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, garante que o verdadeiro objetivo de Trump com estas manobras é derrubá-lo e apoderar-se do petróleo do país.

O anúncio de Donald Trump não representa o encerramento formal do espaço aéreo venezuelano, mas “na prática está fechado”, explicou à agência de notícias France-Presse (AFP) Oscar Palma, especialista em segurança e professor da Universidade do Rosário, na Colômbia.

“A proibição do espaço aéreo de um inimigo passa pela capacidade, disponibilidade e vontade de abater qualquer aeronave que o atravesse”, acrescentou.

O Presidente norte-americano “está realmente pronto para aplicar este tipo de regras pela força? Temos dúvidas, mas com a administração Trump, nunca se sabe”, disse ainda.

Os Estados Unidos bombardearam duas dezenas embarcações de alegados narcotraficantes desde setembro, com um saldo de mais de 85 mortos.

Trump enfrenta, internamente, uma polémica sobre um ataque que teve como alvo homens que já estavam na água após um primeiro ataque ter destruído a embarcação em que seguiam.

O aeroporto de Maiquetía, em Caracas, tinha previsto quatro partidas e três chegadas na quinta-feira no seu terminal internacional: Curaçau, Havana e Bogotá, operadas por companhias aéreas nacionais venezuelanas.

Curiosamente, o encerramento mencionado por Trump não diz respeito aos voos que transportam migrantes expulsos pelos Estados Unidos para a Venezuela. Um destes chegou na quarta-feira, outro é esperado hoje.

Esta não é a primeira vez que as companhias aéreas abandonam o país. Em 2013, com o agravamento da crise económica, as companhias cessaram as operações devido às dívidas do Estado venezuelano para com elas, que atingiam cerca de 3,8 mil milhões de dólares (3,26 mil milhões de euros).

A atividade no terminal de voos domésticos permanece normal, com centenas de passageiros e cerca de 80 voos na quinta-feira.

No ‘site’ de rastreamento de voos Flightradar, poucos aviões aparecem sobre o território venezuelano, contrastando com a atividade sobre os países vizinhos.

“É uma questão de precaução e responsabilidade”, afirmou um especialista em segurança venezuelano, citado pela AFP, que solicitou o anonimato.

Princípio da precaução, pressão dos financiadores das aeronaves utilizadas pelas companhias aéreas, das seguradoras e até mesmo dos sindicatos de pilotos e tripulantes: segundo a mesma fonte, é difícil para as companhias voarem quando um aviso desse tipo é emitido.

Oscar Palma descarta a ideia de que as companhias, que têm lógicas comerciais, tenham cancelado os seus voos de forma política, como Caracas aponta. “Compreendendo que há um risco na zona, as companhias dizem que é melhor evitar problemas”, afirmou.

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