A Alemanha anunciou hoje um programa para fornecer à Ucrânia “vários milhares de drones de longo alcance”, para atacar em profundidade a Rússia, no valor de 300 milhões de euros.
Esta “nova iniciativa de ataques em profundidade” à “maquinaria de guerra russa” incluirá “a entrega de vários milhares de drones e longo alcance”, fabricados pela indústria de defesa ucraniana, afirmou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, numa reunião em Londres do Grupo de Contacto sobre a Defesa da Ucrânia.
Pistorius indicou que Berlim e Kiev estão a ultimar a assinatura de contratos destinados à produção de milhares destas aeronaves não-tripuladas para combater a agressão russa, em curso desde fevereiro de 2022.
“Fechámos uma série de contratos com empresas ucranianas no valor total de 300 milhões de euros”, que “preveem a entrega de vários milhares de drones de longo alcance de vários tipos fabricados na Ucrânia”, declarou.
O titular da Defesa alemã anunciou assim os primeiros resultados da iniciativa “Deep Strike”, ou “Ataque Profundo”, sobre a qual informaram o chanceler alemão, Friedrich Merz, e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em maio passado, durante uma visita do chefe de Estado da Ucrânia a Berlim.
Tal iniciativa constitui um novo impulso ao “apoio à aquisição de drones de longo alcance pela indústria de defesa da Ucrânia”, sublinhou Pistorius em Londres, onde copresidiu à reunião do Grupo de Contacto sobre a Defesa da Ucrânia, também conhecido como Formato Ramstein, juntamente com o homólogo britânico, John Healey.
O governante alemão também precisou que “os primeiros lançadores” dos dois novos sistemas Patriot completos que a Alemanha prometeu a Kiev em agosto já estão em solo ucraniano.
“A Alemanha está em vias de entregar dois sistemas Patriot completos à Ucrânia. Os primeiros lançadores já foram transferidos para a Ucrânia”, disse Pistorius, referindo-se a uma ajuda facilitada pelo acordo entre Berlim e Washington.
Nos termos desse acordo, a Alemanha entrega esses Patriot à Ucrânia em troca de receber uma substituição dos Estados Unidos.
Pistorius salientou que o país prossegue as “entregas de sistemas de armas, peças sobressalentes e munições” à Ucrânia para “aumentar as capacidades da Ucrânia para enfraquecer a maquinaria bélica da Rússia no interior do país, proporcionando uma defesa eficaz”.
Esta foi a 30.ª reunião do Grupo de Contacto sobre a Defesa da Ucrânia, um formato que reúne 57 participantes, entre países e entidades como a UE e a NATO.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que Kiev tem atingido com drones alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.
No plano diplomático, a Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões – Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO.
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.
Segundo a Rússia, aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.